Previsão de analistas é de que novo ciclo de alta da taxa só terá início em janeiro de 2015
Para o economista do Banco Santander Cristiano Souza, o BC deve iniciar o ano com uma alta de 0,25 ponto porcentual e o movimento deve continuar até a Selic chegar em 12,5%, em meados do ano, e se manter neste patamar até o final de 2015. Mesmo com a alta de juro, que deve impedir o avanço ou segurar a atividade econômica, o IPCA ainda deve ficar acima do teto da meta de inflação, em 6,8% e 6,5% em 2016, ante as projeções do BC de 5,7% e 5,1%, respectivamente.
De acordo com Souza, a inflação represada dos preços administrados é de 1,3 ponto porcentual, que será repassada até 2016. “Não dá para repassar rápido, pode demorar dois anos, provavelmente”, avalia. O profissional lembra que as bandas do sistema de meta de inflação têm o objetivo de suportar choques inesperados para cima ou para baixo.
O analista da McM Consultores Antonio Madeira também concorda que a inflação irá se tornar mais relevante no ano que vem e não descarta a possibilidade de alta da taxa básica no início do ano. Mas, segundo ele, o ritmo vai depender de quem será o novo presidente da República.
Para este ano, o fraco crescimento econômico e a inflação perto do teto não devem dar espaço para o BC promover novos ajustes da taxa básica. A equipe econômica do Bradesco, em relatório, também confirma a manutenção. “Acreditamos em manutenção da taxa Selic em 11% ao ano, em linha com o consenso do mercado, diante da desaceleração da atividade doméstica, intensificada nos últimos meses”, afirmam os profissionais.
O economista do Santander avalia que a fraca atividade econômica seria motivo para o BC reduzir a Selic, para estimular o consumo. No entanto, a alta da inflação não permite essa decisão, pois o aumento do consumo poderia se reverter em mais alta da inflação.
O economista-chefe da SulAmerica Investimentos, Newton Rosa, afirma que a taxa em 11% até o final do ano está em linha com o relatório de inflação do BC divulgado no último dia 26. De acordo como documento do BC, a taxa de juro deve permanecer neste patamar até 2015. Para este ano, a autoridade monetária aposta num crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mais baixo, de 1,6%, com inflação mais alta, de 6,4%, próxima ao teto da meta de 6,5%. O executivo também pondera que os preços administrados são fatores de preocupação. Mas ressalta que o fraco ritmo da economia e a possível queda dos preços livres podem absorver a alta dos administrados e impor menos pressão sobre a inflação, evitando, assim, alta da Selic.
Enquanto o Brasil mantém sua taxa em mais de dois dígitos, no México, o Banco CENTRAL manteve a taxa básica em 3% na sexta-feira, indicando ver sinais de melhora na economia. Mesmo assim, a autoridade monetária assegurou que a economia está mais abaixo do potencial do que se esperava há alguns meses. Por isso, não vê pressão nos preços proveniente da demanda agregada. O Banco do México espera que a inflação caía a níveis próxi- mosde3%, meta oficial, a partir de janeiro de 2015. “Embora espere-se que como resultado do maior crescimento econômico o hiato do produto vá se fechando no horizonte relevante, este provavelmente continuará no terreno negativo até o fim de 2015”. Com Reuters
Fonte: Brasil Econômico