Por De São Paulo.
A economia brasileira dá sinais de recuperação no segundo semestre deste ano e isso permite visualizar um cenário de crescimento moderado em 2014, afirmou na noite de ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele participou de evento de premiação do anuário “Valor 1000”. “É inadequado, porém, falar em estagnação, recessão e muito menos ainda em crise”, disse o ministro. Mantega repetiu questionamento já feito em entrevista para o Valor na semana passada. “Que crise é essa, que tem valorização da Bolsa, elevado volume de ingresso de investimento estrangeiro direto e taxa de desemprego nas mínimas históricas?”, indagou.
Segundo Mantega, alguns críticos do atual governo parecem preferir a agenda europeia de enfrentamento da crise. Para o ministro, essa agenda envolve excessiva austeridade e tem promovido saída lenta da crise nos países europeus, com persistente e alto desemprego, afirmou. “Os críticos prefeririam juros nas alturas e câmbio valorizado”, disse.
Para Mantega, a política econômica do atual governo se focou em construir uma economia mais sólida, mais resistente para enfrentar a crise e mais preparada para iniciar um ciclo sustentável de crescimento. O ministro afirmou, porém, ter “consciência de que as condições sólidas não significam ignorar problemas do país”. O Brasil começou 2014 com alguns desafios, como uma forte seca que elevou os preços de alimentos e a redução da demanda no mercado externo e no interno. “Até a Copa, que é uma coisa boa, acabou tirando alguns dias úteis e diminuindo atividade”, disse.
Para o ministro, a alta de juros mostrou que a política monetária foi bem-sucedida no combate à alta de preços e agora, com a “inflação em queda livre”, o Banco CENTRAL e o governo começaram a descomprimir a política monetária, para normalizar o crescimento do crédito. “Já detectamos recuperação da atividade no segundo semestre”, disse.
Para o ministro, é certo que o Brasil tem problemas conjunturais em alguns segmentos produtivos, com dois desafios principais. Em primeiro lugar, melhorar a infraestrutura de transporte rodoviário, ferroviário, em aeroportos e por vias aquáticas. Para tanto, o governo deve dar continuidade ao ambicioso programa de concessões de obras de infraestrutura para a iniciativa privada, iniciado em 2012.
Além disso, o país precisa melhorar a escolaridade dos brasileiros, afirmou Mantega, lembrando que o atual governo criou programas com o Pronatec e ampliou o Financiamento Estudantil do Ensino Superior (Fies) como parte dessa iniciativa, além de ter triplicado os aportes no Ministério da Educação.
Mantega destacou que o Brasil foi um dos países que mais receberam Investimento Estrangeiro Direto (IED) em 2011 e 2012. O ministro ressaltou que sua equipe econômica reduziu “as tentações da valorização cambial” e se dirigiu mais uma vez aos críticos, afirmando que estes acreditam “que a política econômica do Brasil se resume ao tripé” e que são essas mesmas pessoas que “preferem uma recessão para baixar a inflação”. “Claro que falta coragem para dizerem isso com todas as letras”, completou.
Mantega afirmou, no entanto, que “ninguém” cumpriu tanto o tripé quanto sua equipe, que tem seguido “à risca” as metas de inflação e que o superávit primário do país está entre os maiores do G-20. “Com base no tripé, fizemos política de desenvolvimento para acelerar crescimento com geração de emprego”, disse. O ministro encerrou seu discurso com uma fala otimista, ao afirmar ter convicção de que Brasil reúne condições para suplantar dificuldades externas e internas e embarcar em novo ciclo de crescimento sustentável nos próximos anos.
Fonte: Valor Econômico