Mês de referência: Setembros (de 29/08 a 04/09/2014)
Na Câmara dos Deputados:
Data |
Parlamentar/Pronunciamento |
03/09 |
FERNANDO FERRO (PT, PE – Pela ordem) – Crítica a propostas da candidata à Presidência da República Marina Silva com respeito à independência do Banco Central do Brasil, à contenção da exploração do petróleo na camada pré-sal e ao setor energético. |
OBS: Pronunciamentos em ordem cronológica.
Íntegra dos pronunciamentos de maior relevância:
Câmara dos Deputados:
O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, por ocasião da eleição de 2002 à Presidência da República, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva produziu um documento, chamado Carta aos Brasileiros, no qual se comprometeu com aspectos da transição política, com a estabilidade da moeda, com os compromissos fiscais do Governo e que não haveria nenhuma brusca alteração nos rumos da economia. É evidente que isso foi um alerta para conter uma onda de boatos e preconceitos que colocavam o Presidente da República como aquele sapo barbudo, o diabo que iria pintar a bandeira de vermelho, saquear as propriedades, tomar os apartamentos e fechar as igrejas. Foi o preconceito mais descabido que aconteceu naquele momento. Esse documento serviu exatamente para conter essa onda especulativa e preconceituosa.
Recentemente, a candidata Marina Silva, numa tentativa de reeditar esse processo, porém esquecendo o que dizia lá atrás Karl Max, que a história se repete como farsa ou tragédia, apresentou uma carta ao sistema financeiro, uma carta aos banqueiros, não uma carta aos brasileiros, em que se compromete com a chamada independência do Banco Central. O que é isso? É exatamente entregar o destino da nossa economia ao setor rentista e à agiotagem internacional. É isso que está propondo. É um absurdo que, para ficar de bem com seus auxiliares, seus sustentadores, do Banco Itaú e de outras áreas, ela venha com uma proposta indecorosa dessas, que fica à direita do PSDB. Eu imaginava que poderia surgir coisa parecida do PSDB, mas jamais da chamada associação da Rede com o PSB. Isso é algo que demonstra os rumos que se pretenderia dar ao País caso esse grupo assumisse o poder. Além disso, vimos uma declaração desastrada da candidata ao dizer que vai reprimir, conter a exploração do pré-sal. Deputado Onofre Santo Agostini, sabe o que significa isso? Significa abdicar de 2 a 3 trilhões de reais, dizer que vamos importar petróleo, porque, se você não explora petróleo do pré-sal, vai trazer de onde? A não ser que ela proíba os carros do País de se deslocarem. Essa declaração é de uma irresponsabilidade… Primeiro, demonstra incompetência completa em relação à questão energética. Por trás disso há um conteúdo de atender às grandes multinacionais do petróleo. Quando ela diz que pretende parar ou suspender a exploração do pré-sal, claramente sinaliza com a possibilidade de entregar o pré-sal para Esso, Shell e outras multinacionais do setor petroleiro. É um absurdo, é uma irresponsabilidade, é uma ameaça ao nosso País. Do mesmo jeito que há um discurso contra as hidrelétricas, as usinas nucleares, as termoelétricas, eu quero dizer aqui que essa atitude é de uma irresponsabilidade que não tem tamanho ou é de uma ignorância sem precedentes. O Brasil precisa, por ano, de 6 mil megawatts instalados de potência, o que você não consegue com gerador eólico ou energia solar. Essas energias são complementares. Eu não sei quem está assessorando a candidata Marina na área energética para ela cometer essa barbaridade de dizer que não vai instalar essas fontes de energia, que vai sustar ou inibir a exploração do pré-sal. Isso é de uma ignorância sem precedentes! Aparentemente, diz com isso que não vai usar a energia suja do petróleo. É impossível, no atual estágio da humanidade, abrir mão do petróleo! Eu gostaria que nós abríssemos mão do petróleo, que nós não explorássemos mais nenhuma gota de petróleo e o substituíssemos integralmente por energias renováveis. Mas a realidade impõe isso, já que hoje temos uma frota de carros, de aviões, de navios. Não existe combustível disponível para substituir o petróleo no presente momento. Pode ser que daqui a 50 anos exista, mas por enquanto não. Então, lamento que ela esteja mal assessorada. Além do mais, ela passa certo cinismo ambientalista, porque diria com isso: Ah, estou tirando as fontes poluidoras. Eu gostaria de fazer isso, mas a realidade não nos autoriza a mentir. Nós ainda teremos inclusive que construir usinas nucleares no horizonte de médio e longo prazo, porque vai faltar energia e usar outras fontes. Então, nós não podemos abrir mão de nenhuma fonte de energia para suprir as necessidades do Brasil. Eu acho que, no fundo dessa história, inibindo o pré-sal, você está combatendo o Plano Nacional de Educação, que prevê que os royalties do petróleo vão ajudar na ciência e tecnologia, na saúde e na educação do Brasil no futuro. Se você constranger, inibir a exploração do pré-sal, compromete a nossa política educacional e o nosso Plano Nacional de Educação. Portanto, a candidata precisa ler mais e entender o que é política energética, para não ficar falando bobagem sobre uma questão tão séria como essa.
Muito obrigado, Sr. Presidente.