Mantega nega que governo cogite autonomia para dirigentes do BC

    Com o resultado apertado das eleições presidenciais e a reação ruim do mercado à vitória da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, se apressou em convocar entrevista para pedir a mobilização de todos os setores da economia brasileira em prol de um novo ciclo de crescimento.

     

    Para o ministro, o resultado das eleições demonstra que a população aprova a política econômica que vem sendo praticada.

     

    O ministro da Fazenda afirmou que a questão da autonomia do Banco CENTRAL (BC) não faz o menor sentido “em relação a tudo que fizemos”. Ao fazer essa declaração ele respondia à reportagem publicada ontem no Valor que informava que o governo está discutindo uma proposta, a ser implementada no novo mandato, para fazer a indicação de cinco diretores com mandatos coincidentes ao do presidente da República. Os outros quatro diretores do BC seriam escolhidos de forma alternada e não coincidente. Fontes confirmaram ao Valor esses estudos.

     

    “Temos o desafio de retomar o ciclo de expansão da economia brasileira em 2015 e isto só será possível se tiver a plena mobilização da economia, se todos os atores e setores estiverem mobilizados nesta direção”, disse em coletiva no Ministério da Fazenda.

     

    Mantega reafirmou compromissos “com os fundamentos da economia”, entre eles o de manter, nos próximos quatro anos, bons resultados fiscais para que a dívida pública fique sob controle.

     

    Neste ano, porém, o objetivo não foi garantido pelo ministro.

     

    “Em 2014, vamos nos empenhar para fazer a melhor meta possível fiscal. Temos que fazer um esforço fiscal maior no próximo ano e manter isso para os próximos quatro anos”, afirmou.

     

    Além disso, Mantega disse que é prioridade manter a inflação sob controle e continuar gerando emprego para manter o mercado interno em expansão.

     

    Mantega reconheceu que há “grandes desafios pela frente” e que trabalha com cenários adversos, pois a economia mundial não melhorou o quanto deveria, “mas vai melhorar”. “Temos de manter o sistema financeiro sólido porque é ele que financia a expansão da economia e do consumo”, afirmou o ministro.

     

    Em relação à forte queda registrada pela Bolsa, o ministro disse que não é reflexo apenas do momento eleitoral, mas também de fatores externos como a queda nos preços das commodities.

     

    Segundo o ministro, o período eleitoral também causa especulação, quando a discussão da política econômica fica mais exacerbada e há distorções sobre o rumo da economia. “Com o fim da eleição, esse cenário tende a se amainar”, afirmou.

     

    Mantega chegou animado para falar com os jornalistas em sua primeira entrevista coletiva após a reeleição da presidente Dilma Rousseff. “Estou feliz com o resultado das eleições. Isso mostra que população está aprovando a política econômica que estamos praticando”, destacou.

     

    O ministro não quis fazer comentários sobre possíveis sucessores.

     

    Durante a campanha, a presidente Dilma Rousseff anunciou que Mantega não continuaria em um segundo mandato.

     

    “Pergunta sobre nomes para o ministério tem que ser feita para a presidenta. Não cabe a mim falar de nomes de ministros nesse momento. Estou falando de políticas”, disse.

     

    O ministro afirmou que o mais importante são as políticas que serão feitas e que novas medidas serão tomadas, mas ainda não estão prontas.

     

    “Temos muitas coisas para fazer até o fim do ano. Uma série de estímulos já foram dados e outros poderão vir. No dia seguinte da eleição não é o momento de anunciar medidas”, completou.

     

    “Temos dois meses de trabalho intenso para que possamos fortalecer os fundamentos e criar as condições para que as empresas e trabalhadores se mobilizem para o crescimento “.

     

    Fonte: Valor Econômico

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