O presidente do Banco CENTRAL, ALEXANDRE TOMBINI, comanda hoje a reunião do Comitê de política monetária (Copom), na qual a taxa básica de juros (Selic) será mantida em 11% ao ano, certo de que permanecerá no cargo no segundo mandato de Dilma Rousseff. Apesar de a presidente reeleita já ter sinalizado a disposição de fazer uma ampla renovação em seu ministério, acabando com o que chama de “feudos” e “capitanias hereditárias”, ela não pretende mexer na chefia da autoridade monetária. Acredita que TOMBINI é o nome ideal para tocar o BC até o fim de 2018.
Está certo, porém, que, prevalecendo a vontade de Dilma, TOMBINI terá que fazer alguns ajustes na diretoria do Banco. A despeito de, oficialmente, a instituição reforçar o sentido de unidade, há um racha entre os principais auxiliares do presidente do BC. Alguns diretores, especialmente o de Política Econômica, Carlos Hamilton, não escondem o descontentamento com a perda de credibilidade da instituição ao longo do governo Dilma.
Esse grupo acredita que TOMBINI não defendeu o Banco CENTRAL com a veemência que seria necessária, a ponto de se consolidar a visão de que a autoridade monetária foi cooptada pelo Palácio do Planalto e o combate à inflação passou a ser decidido no gabinete da Presidência da República.
TOMBINI, não é segredo para ninguém, foi uma escolha pessoal de Dilma durante a formação da equipe de seu primeiro mandato. Não houve nenhuma interferência do ministro da Fazenda, Guido Mantega. A tendência é de que – mesmo que o futuro chefe da equipe econômica venha da iniciativa privada ávido por nomear o presidente do BC – Dilma insista em manter o comando da autoridade monetária em sua cota pessoal.
Caso tenha que fazer mudanças na diretoria do Banco CENTRAL, é possível que, desta vez, TOMBINI busque uma ou duas pessoas do mercado. Ele acredita que o modelo de uma diretoria puro-sangue, ou seja, composta apenas de servidores públicos, mostrou-se eficiente, mas se pode arejar as discussões. Tudo, é claro, será negociado diretamente com Dilma, assim que ela oficializar a permanência do presidente do BC no cargo.
Além de possíveis mudanças entre seus auxiliares diretos, TOMBINI vai insistir na extensão do programa de intervenção no câmbio ao longo de 2015. Em conversas com interlocutores do governo, ele detalhou que não há como se fazer um desmonte imediato dos contratos de swap que estão em poder do mercado, sob o risco de o dólar disparar. São US$ 100 bilhões.
No entender do presidente do Banco CENTRAL, essas operações, que funcionam como uma espécie de venda futura de dólar, foram vitais para reduzir a volatilidade da moeda norte-americana nos últimos meses, e serão importantíssimas quando o Federal Reserve (Fed), o BC dos Estados Unidos, anunciar o aumento das taxas de juros na maior economia do planeta.
Pressão para “salvador da pátria”
Gente graúda do governo anda questionando a pressão que se está impondo sobre a presidente Dilma para nomear, o mais rapidamente possível, o ministro da Fazenda de seu segundo mandato. A presidente reeleita sabe que precisa de um nome de peso para a pasta, mas não quer ficar refém de nenhum grupo, nem do liderado pelo ex-presidente Lula, na hora de nomear os futuros auxiliares. Para os que defendem a autonomia da petista, o sucessor de Guido Mantega não pode ser visto como o “salvador da pátria”, nem como se tudo o que foi feito em termos de política econômica nos últimos quatro anos tenha sido desastroso. “Provavelmente, Dilma tem um nome de sua preferência para a Fazenda. E ela vai fazer valer sua vontade”, diz um assessor do Palácio do Planalto.
Vai largar uma Mega-Sena por ano?
» Pessoas ligadas ao presidente do Banco Safra, Rossano Maranhão, um dos cotados para o Ministério da Fazenda, garantem que ouviram dele um sonoro não ao ser questionado sobre a possibilidade de integrar o segundo mandato de Dilma. Há oito anos numa das principais instituições financeiras privadas do país, ele se diz satisfeito onde está, com salário anual que passa dos R$ 10 milhões. “É difícil trocar uma Mega-Sena ao ano por um salário mensal de R$ 27 mil como ministro e com a possibilidade de apanhar todos os dias se algo der errado”, afirma um amigo do executivo.
Maranhão: duas vezes não
» Rossano Maranhão, por sinal, foi convidado duas vezes para compor o primeiro governo de Dilma Rousseff. Primeiro, para a presidência da Infraero. Depois, para a Secretária de Aviação Civil. Em ambas as oportunidades, disse não. Muitos o consideram indicação direta do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que o nomeou presidente do Banco do Brasil no primeiro mandato de Lula. Mas, dos nomes que circulam no mercado para a sucessão de Guido Mantega na chefia da equipe econômica, ninguém é mais próximo de Palocci do que Henrique Meirelles, ex-presidente do BC.
Cofres cheios
» Começa, nesta semana, a safra de balanço dos bancos. A primeira instituição a divulgar os resultados do terceiro trimestre será o Bradesco, amanhã. A expectativa é de que o lucro líquido da instituição totalize R$ 3,8 bilhões, 24% acima do registrado no mesmo período de 2013. A projeção para o Itaú Unibanco é de ganho de R$ 5 bilhões, com crescimento de 25,8%. O Santander deve ter avanço mais modesto, de 6,9%, com lucro de R$ 1,5 bilhão.
Fonte: Correio Braziliense