Dólar avança com ata do Copom e cena externa

    Câmbio Aposta de que Fed elevará juros em meados deste ano sustentou valorização global da moeda americana

    José de Castro e Silvia Rosa De São Paulo 

    O dólar subiu ontem ante o real ao refletir o movimento no mercado externo e a perspectiva de que o Banco CENTRAL possa reduzir o ritmo de alta da Selic já na próxima reunião. Lá fora, dados positivos do mercado de trabalho nos EUA reforçaram a visão de que o BC americano deve seguir com o processo de normalização da política monetária e elevar a taxa básica de juros neste ano. Foi o que levou a moeda americana a subir em relação às principais divisas.

    No mercado doméstico, o dólar comercial fechou em alta de 1,56% a R$ 2,6109.

    O comunicado da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), divulgado na quarta-feira, reforçou as apostas de que o Federal Reserve (Fed, Banco CENTRAL americano) pode começar a subir a taxa básica de juros nos Estados Unidos em junho. O documento destacou que a atividade econômica vem se expandindo a um ritmo sólido, contrastando com a visão do comunicado de dezembro, no qual enxergava a atividade em ritmo moderado.

    O dado de pedidos de auxíliodesemprego divulgado ontem reforçou essa visão, apontando um recuo para 265 mil na semana passada, enquanto a expectativa do mercado era de uma queda para 300 mil.

    No mercado local, a ata do Comitê de política monetária (Copom) trouxe dúvidas sobre o ritmo de alta da taxa básica de juros daqui para frente. Muitos analistas passaram a enxergar a possibilidade o BC reduzir o ritmo do aperto monetário para 0,25 ponto percentual na próxima reunião, elevando a Selic para 12,50%, após duas altas consecutivas de 0,5 ponto, o que também ajudou a sustentar a alta do dólar ante o real. “A ata deixou aberta a possibilidade de desaceleração do ritmo de alta da Selic, com um aumento de mais 0,25 ponto percentual”, diz Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos.

    Para ela, o que justifica uma desaceleração do ritmo de alta é a perspectiva de fraca atividade econômica neste ano, com o risco de racionamento de energia podendo piorar esse quadro. Além disso, a autoridade monetária reconheceu que há alguns avanços na política fiscal, podendo mudar a sua avaliação de neutra para contracionista na próxima ata.

    Além da incerteza sobre o ciclo de aperto monetário, outra questão discutida pelos investidores é a possibilidade de o BC reduzir as intervenções no câmbio e encerrar o programa da “ração diária” a partir de março. Isso poderia ocorrer diante da expectativa de aumento do fluxo de recursos para o Brasil após o anúncio do programa de estímulo monetário do Banco CENTRAL Europeu (BCE), que deve injetar pelo menos € 1,14 trilhão de euros até setembro de 2016.

    O mercado aguarda ainda o anúncio da rolagem do lote de US$ 10,438 bilhões em contratos de swap cambial com vencimento em março. 

    O especialista em câmbio da corretora Icap, Italo Abucater , afirma que o mercado já começa a embutir nos preços do câmbio o risco de um BC menos ativo no mercado. “Se o BC demorar muito para anunciar as rolagens pode terminar fevereiro rolando apenas uma parte dos contratos. 

    E acho que essa probabilidade é muito maior do que a de uma rolagem integral.”

     

    Fonte: Valor Econômico

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