Assis Moreira De Istambul
Não haverá crescimento da economia brasileira este ano, mas em 2016 a situação vai começar a melhorar, afirmou ontem o presidente do Banco CENTRAL, ALEXANDRE TOMBINI, a uma plateia de banqueiros.
Ao falar num evento do Instituto Internacional de Finanças (IIF), que representa os maiores bancos do mundo, TOMBINI afirmou que [nós, do governo brasileiro] “sabemos o que fazer” para restaurar a confiança no crescimento da economia brasileira, julgando ser “uma questão de sequência” e que medidas já estão sendo implementadas.
Respondendo a questões do presidente do IIF, Tim Adams, enquanto a plateia degustava sobremesa de um leve almoço ocidental, o presidente do BC disse que o Banco não tem ainda uma previsão, mas que “como o ministro [da Fazenda, Joaquim Levy] Levy disse, a expansão tende a ser “flat” (estável).
TOMBINI afirmou que no curto prazo é preciso fortalecer os fundamentos econômicos, reforçar o lado fiscal, tratar de outros desequilíbrios.
Dessa forma, será possível restaurar a confiança.
Ele relatou que parte da explicação da desaceleração significativa do crescimento nos últimos três anos decorreu do declínio do investimento privado, exemplificando com o que ocorreu nos últimos quatro trimestres.
TOMBINI insistiu que o foco da equipe econômica é recuperar e reforçar a credibilidade da política econômica “para dar confiança aos empresários e, numa segunda etapa, retomar os investimentos privados no país”.
Indagado sobre prioridades nas reformas estruturais, TOMBINI respondeu que o governo vai continuar a impulsionar os programas de investimento em infraestrutura com grande participação do setor privado e alguns “ajustes regulatórios”.
O presidente do BC citou ainda outras reformas em andamento, como os ajustes no seguro-desemprego e a retirada de certas desonerações, e sinalizou que o combate à complexidade do sistema tributário deve vir na sequência.
TOMBINI reiterou que o que o realinhamento de certos preços administrados elevará a inflação no curto prazo. Mas que a expectativa do mercado para 2016 a 2019 é de uma “modesta queda” da taxa de inflação.
Por outro lado, o presidente do BC calculou que o Brasil, ainda importador de petróleo, poupará US$ 10 bilhões com o barril do óleo ao preço atual.
Questionado sobre o que afinal gostaria de alcançar nos seus quatro dias em Istambul, para a reunião do G-20, TOMBINI foi explícito: “Primeiro de tudo, eu tenho a ambição de convencer vocês que temos a agenda certa para melhorar a confiança no Brasil nos próximos anos e de que as políticas que estamos implementando hoje vão criar uma melhor perspectiva econômica para o médio prazo, começando em 2016”.
O presidente do IIF ignorou questões como petróleo, apagão e falta de água, que também vão ter impacto na economia brasileira neste ano.
Ele argumentou que preferiu aproveitar o tempo para questões mais ligadas a Banco CENTRAL.
Fonte: Valor Econômico