Os riscos de repercussões negativas da Operação Lava-Jato nas áreas fiscal e nos negócios derrubaram não só o real, mas também a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa). O pregão fechou novamente em baixa, de 1,60%, aos 49.181. Em quatro dos cinco fechamentos da semana passada foram registradas quedas. A variação negativa acumulada desde o início do mês é de 4,66%.
O temor dos analistas de mercado é de que o Planalto tenha dificuldades para obter aprovação, no Congresso Nacional, das medidas necessárias para chegar ao superavit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). “Se tiver dificuldades, o governo vai sangrar por mais tempo. Pode até conseguir o objetivo, mas vai sair mais caro. E há sempre a dúvida sobre, se de fato, conseguirá”, disse o economista Ricardo Nogueira, superintendente de Operações da Corretora Souza Barros.
As preocupações vão além do aspecto fiscal, porém. O relatório da agência de classificação de risco Moody”s adicionou ontem tensão ao notar que a Lava-Jato pode trazer complicações para várias empresas e bancos. O papel ordinário do Itaú, com direito a voto, perdeu 2,3% do valor.
“Há muita incerteza no mercado. Surgem outras empresas que podem estar envolvidas, além de novas informações sobre a repercussão nas empresas cuja relação com o problema já era conhecida. E não se sabe o que mais pode vir”, explicou o analista da Coinvalores Bruno Piagentini. A ação ordinária da Cetip, uma central de negociações de papéis de empresas, caiu 7,6% ontem diante de suspeitas de que uma coligada possa estar envolvida na corrupção da Petrobras, investigada na Operação Lava-Jato.
Ações da Petrobras e da Vale estão entre as que mais caíram ontem na Bolsa de Nova York, em Wall Street, com quedas de, respectivamente, 6,2% e 3,0%. Com isso, as duas empresas conquistaram destaque na página eletrônica principal de Wall Street. O Dow Jones fechou em baixa de 1,54%, por conta de um movimento negativo mais amplo – as ações da American Airlines caíram 5,4%.
Para o economista-chefe da Itaim Asset Management, Ivo Chermont, a única possibilidade de o pessimismo se dissipar do mercado brasileiro são surpresas no quadro político. “Por exemplo, se o governo anunciar um acordo com a oposição. Ou se as manifestações do próximo domingo se mostrarem um fracasso e o Eduardo Cunha (presidente da Câmara dos Deputados) disser que não há ambiente para impeachment de Dilma. Tudo isso é muito improvável”, alertou.(PSP)
Fonte: Correio Braziliense