O dólar encerrou as operações de ontem com forte valorização diante do real e retomou o patamar acima de R$ 3, acompanhando o movimento no exterior, em meio a preocupações com a renegociação da dívida da Grécia e desaceleração da economia chinesa.
O movimento de apreciação da moeda americana foi mais intenso no mercado local, uma vez que o real foi uma das divisas que mais tinham se valorizado na semana passada. Além disso, a apreensão em relação aos desdobramentos da operação Lava-Jato voltou a crescer no mercado.
A moeda americana subiu 2,33% e fechou a R$ 3,0519.
Operadores afirmaram ter verificado maior demanda por compra de dólares ontem por parte de empresas, após a moeda americana ter fechado abaixo de R$ 3 na última sexta-feira.
A preocupação com o impacto da operação Lava-Jato também contribuiu para o aumento da aversão a risco. Em depoimento aos deputados da CPI da Petrobras, o doleiro Alberto Yousseff afirmou que o Palácio do Planalto interferia na interlocução com o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa com participantes do esquema investigado pela Lava-Jato.
Dúvidas em relação à rolagem dos contratos de swap cambial que estão vencendo também ajudaram a sustentar a alta do dólar frente ao real. O BC tem aproveitado o alívio recente no câmbio para reduzir o estoque de swaps cambiais que soma US$ 112,780 bilhões. Neste mês, a autoridade monetária sinalizou a possibilidade de não renovar integralmente o lote de US$ 9,656 bilhões em swaps que vence em junho.
O andamento do mercado local ocorreu em sintonia com o avanço do dólar frente às principais divisas devido à preocupação com a negociação da dívida da Grécia com seus credores. O governo grego autorizou o pagamento de ? 750 milhões devidos ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que vencem hoje. Ontem, os ministros de Finanças da zona do euro se reuniram em Bruxelas para discutir a situação da Grécia, mas não chegaram a um acordo com o país.
Os investidores ainda reagiram ontem ao anúncio do corte da taxa de juros na China pela terceira vez desde novembro, o que ajudou a aumentar os temores com uma desaceleração mais forte da economia chinesa.
Fonte: Valor Econômico