Investimento despenca 49%

    Enquanto o governo vem tentando aprovar com dificuldade as medidas provisórias de ajuste fiscal no Congresso, o corte de gastos públicos no primeiro quadrimestre ficou concentrado em investimento, de acordo com levantamento feito pelo economista José Roberto Afonso, professor do Instituto Brasilense (IDP) e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). O total de pagamentos de investimentos no período de janeiro a abril passou de R$ 31,2 bilhões, em 2014, para R$ 15,8 bilhões neste ano, uma queda real (descontada a inflação) de 49,2%, conforme dados levantados pela ONG Contas Abertas no Sistema Integrado de Administração Financeira do governo. 

    “É um corte muito expressivo. O governo não pode jogar todo o ajuste em cima do investimento público, sob pena de acelerar a recessão. O mais importante é traçar uma estratégia a longo prazo, com reformas, que possa entregar o que talvez não se consiga a curtíssimo prazo”, alertou Afonso, em entrevista ao Correio.

     

    Trava

    O resultado mostra que a trava no investimento é crescente. No primeiro trimestre, a redução dos gastos com investimentos foi menor, de 31%. As despesas totais da União tiveram queda real de 15,6% de janeiro a abril deste ano na comparação com o mesmo período de 2014. As despesas de exercícios anteriores deram um salto de 70% no período, o que mostra o forte impacto dos atrasos de repasses do Tesouro aos bancos públicos –  as “pedaladas”, no fim do ano passado, que agora estão sendo questionadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). 

     “O que mais impressiona é quando abrimos os gastos por elementos e aparece uma profunda discrepância. O comportamento está muito longe da média na maioria dos gastos. Ou crescem muito ou caem muito”, disse o economista, um dos idealizadores da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que acaba de completar 15 anos. Ele destacou que as despesas que mais subiram foram as de material de consumo, com alta de 10%, “uma conta de custeio mais fácil de cortar”.

     

    Fonte: Correio Braziliense

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