Funcionários do Judiciário querem a derrubada do veto e exigem que parlamentares votem a medida
Os servidores do Judiciário fizeram ontem a oitava caravana consecutiva ao Congresso Nacional. Mais de 3,5 mil pessoas, segundo os organizadores – 500, de acordo com a Polícia Militar – se reuniram dentro e fora do prédio com faixas, vuvuzelas, batucando e gritando palavras de ordem, na tentativa de convencer os parlamentares a derrubar o Veto Presidencial nº 26, que barra o projeto que autoriza aumento salarial de até 78% para a categoria. Desde a decisão contrária da presidente Dilma Rousseff à matéria, os funcionários pressionam diariamente deputados e senadores pela derrubada do veto. E em tempo de barganha política, com a reforma ministerial em curso, eles querem uma definição.
“Estamos há 116 dias em greve. Queremos que o Congresso cumpra o seu papel, seja qual for o posicionamento da Casa. Não aceitamos esse achincalhe, essa chantagem dos partidos. Eles estão utilizando um projeto sério, de luta histórica dos servidores, para impor emendas suspeitas e outras facilidades a seu favor. Vamos denunciar sempre movimentos irresponsáveis dessa natureza. Não podemos permitir”, queixou-se Adilson Rodrigues Santos, diretor da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do Ministério Publico da União (Fenajufe).
Esforço
Apesar do esforço, a sessão programada para ontem não aconteceu. Foi adiada para a próxima terça-feira, 6 de outubro, mesmo após sucessivas tentativas do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). De acordo com diretores da Fenajufe, Renan tentou, de várias formas, abrir a sessão, mas foi derrotado pelo colega de partido, Eduardo Cunha (RJ), presidente da Câmara.
A manobra de Cunha, que condicionava a liberação da sessão à inclusão na pauta do veto das doações privadas a partidos e candidatos, foram denunciadas, por escrito, pelo deputado Chico Alencar (Psol/RJ). Em nota enviada à Fenajufe, Alencar destacou: “A causa justa que vocês defendem, pela derrubada do veto nº 26, está refém de interesses mesquinhos: o presidente Cunha, da Câmara, quer inviabilizar a sessão do Congresso chamada para hoje. Para tanto, ele convocará sucessivas sessões da Câmara, desde as 11h”. Em outro trecho, Alencar cita a briga e o “poder de barganha do PMDB por espaço no governo” que reforça “a derrubada de um único veto de seu interesse”, e abre espaço para muita corrupção.
Indignado, o diretor da Fenajufe destacou que a categoria exige respeito e que continuará lutando pelo tempo que for preciso. “Somos nós que organizamos as eleições, inclusive as municipais. As do ano que vem já estão atrasadas. E podemos atrasar muito mais”, alertou Adilson Rodrigues Santos, ao lembrar que os pleitos começam a ser organizados dois anos antes.
Hoje, às 14h30, os servidores fazem uma assembleia na Praça dos Tribunais para definir os rumos do movimento. Eles prometem expandir ainda mais os instrumentos de convencimento. “Temos mais de 100 mil servidores do Judiciário na internet, tuitando, mandando e-mail, usando as redes sociais de todas as formas para mostrar as verdades dos fatos”, reforçou Rodrigues.
STJ exige 30% dos fiscais em atividade
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou, ontem, que seja mantido percentual mínimo de 30% dos fiscais federais agropecuários nas atividades, ao longo da greve da categoria, que começou em 17 de outubro. A ministra Regina Helena Costa instituiu multa de R$ 100 mil por dia de descumprimento ao Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical). O sindicato informou que ainda não recebeu a notificação e que vai analisar as medidas a serem adotadas. A liminar foi ajuizada em 25 de setembro pelo Ministério da Agricultura.
Fonte: Correio Braziliense