PRESIDENTE DA CÂMARA e aliados, inclusive no Planalto, evitaram reunião do Conselho de Ética
Após conseguir, com apoio do PT e da sua tropa de choque, suspender a reunião do Conselho de Ética que analisaria a decisão do relator, Fausto Pinato (PRB-SP), o peemedebista teve de enfrentar o esvaziamento do plenário por dezenas de colegas que saíram pelos corredores da Casa aos gritos de ´Fora Cunha´. Acusado de quebra de decoro parlamentar, o presidente da Câmara negou ter recorrido a manobras e classificou reunião de ´aberração´ (acompanhe ao lado a sequência de polêmicas).
Mesmo sem integrar a comissão julgadora, a tropa de choque do peemedebista compareceu em peso para derrubar a sessão. A estratégia era impedir a abertura dos trabalhos. Cunha contou com o apoio do governo neste objetivo. Segundo o jornal O Globo, na noite de quarta- feira, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, reuniu-se com líderes da base para negociar o apoio ao presidente da Câmara. Durante o encontro, Wagner telefonou aos petistas Léo de Brito (AC), Zé Geraldo (PA), e Valmir Prascidelli (SP) pedindo que não comparecessem a sessão de ontem. Brito viajou para o Acre, mas Zé Geraldo e Prascidelli se recusaram a faltar ao conselho, alegando serem publicamente favoráveis à cassação de Cunha. Ambos aceitaram a contraproposta para somente comparecerem se houvesse quórum, o que ocorreu.
Líderes da oposição reagiram às manobras para evitar a reunião no Conselho de Ética. Antes aliados, Mendonça Filho (DEM-PE) e Nilson Leitão (PSDB-MT) foram à tribuna anunciar obstrução à eventuais votações e pedir que Cunha revertesse a decisão anterior de cancelar os trabalhos do conselho. O peemedebista voltou atrás.
Apesar de acusado de ter iniciado a ordem do dia para derrubar a sessão do conselho, Cunha negou ter feito qualquer tipo de manobra para inviabilizar a reunião. Para o deputado, os integrantes do Conselho de Ética cometeram irregularidades regimentais na sessão desta quinta, que poderiam ser ´facilmente´ questionadas na Casa ou até mesmo no Supremo Tribunal Federal (STF).
Também ontem, o ministro do STF Marco Aurélio Mello defendeu o afastamento espontâneo de Cunha do cargo:
Precisaríamos aí de uma grandeza maior para, no contexto, haver o afastamento espontâneo. Quem sabe até a renúncia ao próprio mandato. A saída melhoraria, sem dúvida alguma, porque teríamos a eleição de um novo presidente para a Câmara.
Fonte: Zero Hora