Edição 182 – 20/11/2015

Pública pelo público


A Pública, a mais nova central sindical, orientada à congregação dos sindicatos, federações e confederações de servidores e empregados públicos das três esferas, realizou seu primeiro seminário ontem, 19, na cidade de Campinas, SP, com cerca de cem delegações de dirigentes. O diretor de Comunicação, Iso Sendacz, acompanhou os debates.

Após a abertura pelo presidente da Central, Nilton Paixão, o período da manhã foi reservado à apresentação de especialistas e acadêmicos. Sergio Lerer e Janaína Marquezini conduziram o primeiro painel, sobre comunicação sindical, destacando a necessidade de conectividade e permanente atualização de conteúdo, que deve prevalecer sobre os atores, dos diferentes meios de interação com a base de representados e, principalmente, com a sociedade como um todo. Enfatizaram os palestrantes que, à distinção da época da luta pela redemocratização do país, hoje os sindicatos parecem falar só para dentro, o que desgastaria o reconhecimento social da categoria representada, mais relevante ainda quando se trata de servidores públicos.

À sequência, o professor Fernando Coelho, da USP, versou sobre a nova gestão pública e a nova política. Com forte crítica à estrutura patrimonialista ainda visível no Estado brasileiro, o acadêmico orientou sua fala ao aumento da quantidade, qualidade e diversidade dos serviços públicos, como essenciais à uma gestão contemporânea. Deve-se buscar, segundo ele, um equilíbrio entre os princípios constitucionais da atividade pública e o aumento dos resultados obtidos pelas pessoas que integram o serviço. Os produtos públicos e privados devem provir, concluir Fernando, dos três setores da economia – Estado; iniciativa privada e terceiro setor -, de modo integrado e com foco no cidadão.

Concluindo o bloco, o ex-ministro do TSE Joel Dias abordou a necessidade de os servidores defenderem, a par de seus direitos como trabalhadores, o próprio serviço público, ameaçado pela política engendrada por um “capital trânsfuga”, que “derruba países e viola sociedades”. Além da defesa dos serviços públicos, propôs a profissionalização do Estado, o combate à corrupção, cidadania, democratização e inclusão social como princípios para a Pública adotar.Entre outros destaques, Dias apontou o combate à sonegação como tão ou mais importante que a corrupção, como dreno de recursos públicos para o interesse particular de um ou outro.

No período vespertino, foi a vez dos dirigentes da Central apresentarem suas considerações. O secretário-geral Antonio Carlos Fernandes centrou seu informe nas condições de a Pública obter o seu reconhecimento já na aferição de março de 2016. Sucederam-se ao microfone os dirigentes Amauri Perusso, auditor do Tribunal de Contas, que versou sobre a recolonização do país, devida à desindustrialização e ao privilégio dos serviços da dívida, em detrimento do desenvolvimento nacional e da melhoria dos servidos públicos; José Gozze e Aires Ribeiros, dirigentes de federações estaduais e municipais, que debateram sobre o destrato que os servidores são vítimas por, ainda, muitos governantes de plantão; e Nilton Paixão, que fechou o evento conclamando a todos a agir, com os olhos voltados à sociedade.

 

Edições Anteriores
Matéria anteriorValor novo, prática nem tanto
Matéria seguinteA unidade dos servidores do BC