Lígia Costa
À espera por debate no ano que vem, a autonomia do Banco Central (BC) foi um dos temas discutidos nesta segunda-feira, 21, na abertura da 27ª Assembleia Nacional Deliberativa (AND), ocorrida durante sessão especial na Assembleia Legislativa (AL). O evento, realizado pelo Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), atende requerimento do deputado estadual Carlos Felipe (PCdoB) e segue até o dia 25 de novembro em Fortaleza.
Chefe da assessoria parlamentar do BC do Brasil e representando o presidente da entidade, Ilan Goldfajn, David Falcão ressaltou que a discussão é antiga, precisa ser discutida e que o BC tem como um de seus pilares garantir a manutenção do poder de compra da moeda. “Nesse sentido, o Banco Central deve envidar todos os esforços para manter uma inflação dentro da meta definida pelo Governo, pelo Conselho Monetário Nacional (CMN)”, diz, acrescentando que a busca pela inflação o mais próximo possível da meta é a “melhor forma de proteger o cidadão”.
Outra “missão” do Banco Central, adiciona, é manter o sistema financeiro rígido e sólido, ou seja, confiável. Principalmente para atravessar momentos de crise econômica, como a que o País vive atualmente. Defende que, além da autonomia de fato, busque-se, por meio de uma emenda constitucional (PEC), a autonomia cooperacional, orçamentária, administrativa e financeira.
Com o tema “Banco Central do Brasil: órgão de Estado a serviço da sociedade”, a 27ª AND também contou com a presença do ex-ministro Ciro Gomes. Para ele, se estabeleceu no País uma “hipertrofia doentia” do papel que se deu ao Banco do Brasil. “Só nós e mais meia dúzia de países exóticos, posteriores a nós, é que descomprometeram o Banco Central de qualquer compromisso com o desenvolvimento do País”.
Segundo Daro Piffer, presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários da instituição (Sinal), para além do mercado financeiro, o BC “é um órgão do Estado e deve defender os interesses do Estado. Existe para servir à sociedade e mais ninguém”.
Pior regional
Presente na sessão especial, Francisco de Assis Tancredi Soares, presidente do Sinal Fortaleza, revelou que Fortaleza se configura como a pior regional do País. O fato se baseia em estudo da própria entidade. “Das dez sedes, a de Fortaleza é a que apresenta a pior reposição de quadro no Brasil. Há mais de dez anos que não há concurso para analistas do Banco Central e, por outro lado, é o quadro mais envelhecido”. Ainda conforme Tancredi, dentro de quatro a cinco anos, um terço dos analistas devem se aposentar. Em março deste ano, mais outro um terço estava apto a se aposentar. “Ou seja, se todos se aposentarem, nós podemos ser reduzidos a menos da metade do quadro atual, que já é insuficiente”. A perspectiva é negativa, visto que a falta de analistas “precariza o atendimento e serviço da comunidade local e a prestação de serviço do Banco Central para o Brasil como um todo”.
Fonte: Jornal O Povo Online