Edição 47 – 22/3/2017

Palavra do Filiado


Boa pergunta [N. do E.: refere-se à Palavra do Filiado de 21.3.2017].

Nildson Silva, de Curitiba


Como filiado, gostaria de ver o Sinal respondendo a esse jornalista [N. do E.: refere-se a Fernão Lara Mesquita, em “O Silêncio dos Inocentes”]. Que o Sinal saiba mudar o discurso do sindicalismo ultrapassado e rançoso e se sintonizar com os novos tempos.

  1. Como comumente se lê na imprensa, a culpa seria do funcionário público, sem se separar o joio do trigo;
  2. Atribui injustamente a funcionários públicos as recentes obstruções das vias públicas por todo o país, parecendo ignorar que tais manifestações foram organizadas por centrais e sindicatos e privados;
  3. Reforçando a noção popular e caracterizando-se como jornalismo que  irresponsavelmente desinforma,  o autor iguala funcionários públicos a titulares de poderes (políticos e até magistrados), que ao todo chegam a custar R$ 100 a 150 mil por mês ao erário;
  4. Não distingue funcionários qualificados, que recebem salários meramente razoáveis, de políticos, que hipocritamente fingem receber apenas seus salários, enquanto recebem inúmeras benesses e penduricalhos “legais” pagos com dinheiro público, sem contar as notas fiscais frias a título de reembolso de despesas;
  5. Não há menção a que o suposto déficit da previdência pública, ao menos em parte, nada mais é do que a contrapartida do Estado à previdência pública, equivalente àquela que a lei previdenciária exige das empresas em relação à previdência privada, sem contar os 8% de FGTS que os tesouros não têm que despender;
  6. Também nenhuma menção ao fato de que a previdência pública já ter sido reformada em 2003 e, desde então, não há mais aposentadorias precoces tais como as que ocorriam anteriormente;
  7. E, ao mesmo tempo em que se delicia com as prisões da lava-jato, deixa de mencionar que ela só ocorre a contento porque existem policiais razoavelmente bem pagos – os federais, naturalmente – (que ele, possivelmente, consideraria marajás), sem o que seriam presas fáceis da corrupção que deveriam combater;
  8. No mesmo sentido, não comenta que funcionário público não é sacerdote – e não fez voto de pobreza – e que, assim, em especial os que exercem funções de Estado, devem ter remuneração condizente com os trabalhadores da iniciativa privada de igual qualificação;
  9. Por fim, não percebeu o autor que o Brasil não está entregue à própria sorte, pois, ao menos nos órgãos públicos imunes à influência política, há atuação estatal como último bastião a defender o interesse público.

Paulo de Toledo, de São Paulo

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