Edição 95 – 2/6/2017
No BC, contingenciamento orçamentário aumenta o desemprego
A direção do BC tem tornado públicas, em doses homeopáticas, as medidas que está tomando para cumprir a determinação do Governo em contingenciar o orçamento da instituição. O Presidente Ilan Goldfajn informou que os cortes nas despesas eram necessários para se adequar às imposições da Emenda Constitucional – EC 95/2016, também conhecida como a do teto dos gastos, e em colaboração ao esforço fiscal do Executivo.
Lembramos, mais uma vez, que a proposta orçamentária do BC para o ano corrente era de R$359 milhões, sendo reduzida na Lei Orçamentária Anual (LOA) 2017 para R$209 milhões e contingenciada, neste momento, para R$159 milhões, significando uma redução absurda de 56% do valor inicialmente proposto.
Precisamos ter muito claro em nossas mentes que, a cada serviço geral e de apoio que deixarão de ser executados em Brasília e nas demais regionais, a cada redução de contrato com empresas terceirizadas, o que estamos de fato realizando é mais um profundo corte de postos de trabalho, ocasionando demissões de trabalhadores e fazendo crescer o já alarmante índice de desemprego do país.
Ao informar que o serviço de copa, de transporte, de limpeza, de utilização de elevadores, de jardinagem, de carregadores, mensageria e protocolo ficarão prejudicados, a direção do BC, de fato, está informando que trabalhadores dessas áreas estão sendo dispensados.
Temos a certeza de que os cortes ainda não acabaram e outros contratos de terceirização, tão ou mais relevantes, serão atingidos, significando mais demissões.
Não bastasse esse triste quadro social, as restrições acabarão por prejudicar a execução de nossas atividades e certamente a qualidade de nossas entregas, já ameaçadas pela não realização de concursos públicos pelos próximos anos e a evasão de servidores em razão da pretendida reforma das leis previdenciárias e da assimetria salarial com carreiras congêneres, que poderão promover o enxugamento do quadro funcional do BC a nível nunca visto.
Faz-se obrigatório que a direção do Banco Central do Brasil defenda firmemente a instituição e seus servidores, responsáveis por ações essenciais para a estabilização econômica do país, detentores do respeito nacional e internacional pela seriedade e qualidade dos seus serviços, de ações danosas como este contingenciamento que nos atinge diretamente no desempenho de nossas funções.
É preciso mostrar autoridade, pois não somos órgão de Governo, somos órgão de Estado e nosso trabalho deve ser, sempre, direcionado ao bem-estar da sociedade brasileira.