Os indicadores são muito desfavoráveis. No caso das famílias, se além das perdas salariais forem incluídas outras remunerações, a queda de rendimentos atingiu 4,8% – o que significa que R$ 78 bilhões deixaram de entrar no mercado de consumo ou de investimentos naquele ano. Menos consumo e investimento ajudam a explicar a forte diminuição da atividade econômica. No caso das empresas e de outras organizações, o número de companhias declinou 0,3%, puxado pela intensidade da queda em 2014 relativamente a 2013 (de 5,4%).
Quando se toma um período mais longo, nota-se que a evolução dos indicadores é bem mais benéfica à população- entre 2010 e 2015 o salário médio mensal avançou 6,9% e o total do pessoal ocupado aumentou 7,796.
Mas os efeitos negativos da recessão foram generalizados. Nos órgãos da administração pública, a deterioração foi ainda maior do que no segmento privado, pois sua participação no total do pessoal ocupado caiu 0,6 ponto porcentual (de 18,6% em 2014 para 18% em 2015). Também houve queda no pessoal assalariado e no item salários e outras remunerações. Já as empresas privadas ampliaram seu peso no emprego, mas não se deve esquecer de que estas pagavam salários mais baixos (R$ 2.168,45, em média) do que os órgãos de administração pública (média de R$ 3.592,33).
A recessão também afetou as características regionais do mercado de trabalho. Caiu a participação do Sudeste no porcentual de pessoas assalariadas, enquanto crescia o número dos que trabalham por conta própria ou dependem de outras rendas. A diferença salarial entre homens e mulheres caiu de 25% em favor dos homens em 2014 para 23,6% em 2015.
Como o PIB também caiu muito em 2016 (3,6%), o impacto da recessão sobre os salários e as rendas será mais bem avaliado no ano que vem, com os novos dados disponíveis.
Fonte: O Estado de S. Paulo