A esperada reunião que poderia selar um acordo para indenizar 1,2 milhão de poupadores por perdas causadas por planos econômicos, prevista para ontem, foi adiada. O adiamento foi formalizado pela Advocacia-Geral da União (AGU) a pedido da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que solicitou mais uma semana para trabalhar melhor os números do acordo. Segundo uma fonte ligada às negociações, os bancos ‘querem pagar até 15% do valor devido’. Se confirmada essa intenção, a indenização cairia para cerca de R$ 5 bilhões, em vez dos R$ 12 bilhões inicialmente previstos.
Para chegar ao novo valor, os bancos estariam tentando limitar as indenizações a 606 mil poupadores – dos quais 600 mil entraram com ações individuais e 6 mil são filiados a associações que ajuizaram ações coletivas. ‘Há um entendimento dos bancos de que não filiados não devem ser beneficiados’, disse um dos envolvidos. Isso implicaria excluir do acordo 594 mil poupadores não filiados a associações que abriram ações coletivas.
A Febraban não se manifestou sobre o assunto. A entidade limitou-se a confirmar que as reuniões têm acontecido e que as instituições financeiras estão dispostas a debater o tema. Pelos termos que vinham sendo discutidos até agora, o pagamento das indenizações seria feito com desconto em relação aos Juros e atualização monetária ao longo dos anos. Além disso, o ressarcimento seria feito de maneira parcelada.
A expectativa de um entendimento sobre o caso foi antecipada pelo Correio na semana passada. A estimativa inicial de pessoas ligadas às negociações era de que os bancos pagariam cerca de R$ 12 bilhões em indenizações a pessoas que tinham dinheiro depositado em cadernetas de Poupança na época dos planos, implementados nas décadas de 1980 e 1990, nos governos de José Sarney e de Fernando Collor.
Os bancos, porém, ainda não concordaram com o valor a ser desembolsado. ‘São vários indexadores. Cada plano econômico teve um índice diferente para corrigir os saldos das aplicações da época’, disse uma fonte.
O adiamento da reunião de ontem não foi bem recebido por representantes dos poupadores, que incluem a Federação Brasileira de Poupadores (Febrapo), o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) e escritórios de advocacia. A frustração é grand, porque os poupadores esperam há décadas pelo ressarcimento das perdas. Apesar disso, entre representantes de poupadores e da AGU, a expectativa é de que tudo seja resolvido logo e uma minuta de acordo possa, enfim, ser editada. ‘Dentro de 15 dias, acredito que esteja tudo resolvido’, afirmou uma fonte.
Fonte: Correio Braziliense