2006 – ANO NOVO?

    Pois é, já avançamos bastante no tempo desde que nos desejamos um Feliz Ano Novo, novamente. Tantas esperanças, tantos votos de paz, de amor, de saúde, de felicidade, e olha a gente seguindo na vidinha de sempre. Alguma coisa de novo?Acordamos todos os dias e vamos conferindo que as guerras continuam, que o Bin Laden segue muito bem escondido…(me engana que eu gosto!!), que o Sr. Bush vai metendo os pés pelas mãos desde que comemorou a “grande vitória” no Iraque, onde continuam morrendo e se matando facções religiosas opostas, e mesmo soldados das tais… forças de paz, inclusive americanos, diariamente. Mas se eles não se importam!E  vamos acompanhando os noticiários que dão conta de que tantos milhões de seres humanos continuam condenados a morrer, todo ano, de fome, de sede, de doenças várias, na mais absoluta miséria. Enquanto isso o Grupo dos 8 deverá seguir promovendo sua demagógica missão de “ajuda” às nações mais carentes. Se eles tivessem mesmo a determinação de ajudar, na real medida em que podem, seria maravilhoso, mas… seguirão distribuindo migalhas e aplacando suas consciências. O mundo parece que seguirá injusto e desigual não obstante as manifestações de paz, de justiça, de amai-vos uns aos outros, etc.Os países que mais agridem a natureza, que mais poluem terra, ar e mar, parece que não pretendem mudar de atitude, porém, cinicamente, exigem das nações em desenvolvimento um comportamento exemplar. Quanto cinismo.E 2006 está aí, como os anos anteriores, passando insensível a tantas desgraças, tanto infortúnio, tanta injustiça, que alguns se recusam a ver porque preferem nadar no seu egoísta marzinho de amor e felicidade à volta do seu eixo familiar. Pois que se lambuzem bastante e que o ano novo lhes seja muito próspero em tudo. Cá pelo nosso lado, por esta terra descoberta por Cabral, este é também um ano eleitoral. Embora não tenha havido nenhuma convenção partidária ainda, pelo menos até quando estou a escrever este texto, o que mais se vê pela mídia são candidatos a candidatos, alguns a falar já em promessas como sempre ouvimos antes, de todos os que foram eleitos, antes de o ser, claro. Sim, porque depois de eleito o candidato não é mais candidato, é … empossado, e, uma vez empossado parece que está desobrigado de cumprir palavras empenhadas, programas propostos, etc. Quanto a isto, nenhuma novidade. O ano novo vai continuar totalmente velho em matéria de política, pelo visto e pelo ouvido, até agora. O Lula tenta se reeleger, apesar de tudo, mas se ele continuar não vendo nada, não sabendo de nada, acho que vai ser difícil, embora a tal de oposição demonstre que é muito incompetente além de ter rabo preso com o passado político. Votei nele antes, como outros 38 milhões de brasileiros, porém agora há que repensar bem, pois repetir o erro dizem que é burrice. Boa fé eu tenho, burro não sou.Isto não significa que já tenha me empolgado com algum outro… candidato. Do quadro que está se desenhando, me desculpem os que querem votar contra o Lula só para o vencer, eu até gostaria, também, mas sinceramente não vejo nome, nem recomendação, nem histórico que me empolgue. Então vou recordando de que já participei demais da política brasileira nos meus 69 anos de vida e assim… bem, assim prefiro lembrar que em agosto completarei 70 anos. Tirem a conclusão que quiserem!Quem sabe seguirei o exemplo pessoal do grande escritor e jornalista Carlos Heitor Cony, que admiro e respeito muito, de longa data?! Ouço-o sempre na rádio CBN, pela manhã. Ele já ultrapassou a barreira dos 70.Acho que exercer a cidadania também é ter consciência de que não se deve escolher aleatoriamente algum candidato, seja qual for, mesmo não vendo nele qualidades para o importante cargo que irá ocupar, só porque nos sentimos na “obrigação de votar.” Vamos reclamar do que, posteriormente? Talvez de nós mesmos, outra vez!Repito que eu votei, sim, conscientemente, no Sr. Lula, porque sempre acreditei, como tantos milhões de brasileiros, de que o PT seria uma opção viável para termos mudanças sérias e fundamentais no governar este país, entretanto… Todos já conhecem os muitos “entretantos” que nos atiraram nos braços de uma imensa decepção, porém jamais nos convencerão a mergulhar nosso voto na urna para eleger outro alguém em quem, de saída, não confiamos. Desculpem, isso não é exercer a cidadania. Perguntem a milhões de eleitores europeus.  Pelo menos sempre ouvi dizer que eles são mais politizados que nós. Não é verdade? Pois é comum, por lá, usarem a abstenção como forma de protesto. Todavia se você não a aprova, pois vote, e se não tiver um candidato para eleger conscientemente quem sabe deverá ir de… “cara ou coroa”…?! Um absurdo, pois não? Só lhe pergunto qual será o absurdo maior, amigo ou amiga? Mas, quem sabe de repente surge um nome que esteja acima de qualquer suspeita? Que tenha qualificações realmente para nos animar a elegê-lo? Aí me lembro que quando votamos no PT, e no Lula, todos consideramos que ambos tinham essas qualificações! É, fica muito, muito difícil acreditar e votar conscientemente neste quadro político brasileiro que aí está, especialmente depois da grande decepção petista. Então que cada um decida pelo seu julgamento mas, sem acreditar novamente em “caçadores de marajás”, em diplomas de Sorbonne, ou em éticos e honrados farsantes. Tenha um voto feliz neste 2006, se conseguir. E que Deus proteja o nosso Brasil.

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