2006 – O ANO QUE NÃO COMEÇOU

    Entre orgulhosos e decepcionados temos a mania de dizer que certas coisas só acontecem a determinadas pessoas, ao Botafogo e no Brasil. Já me disseram que em outros lugares é a mesma coisa, mas vamos fingir que a exclusividade é nossa.    Entre as peculiaridades da cultura verde-amarela está a data do início do ano que, por aqui, só começa – para valer – na primeira segunda-feira depois do carnaval. Assim, a primeira previsão era a de que o início de 2006 cairia no dia 6 de março. Mas, pensando melhor, como a Páscoa – de 13 a 16 de abril – estava próxima, melhor seria deixar para o dia 17, uma segunda. Todavia, como a comemoração do Dia de Tiradentes, 21, caiu numa sexta e os festejos pelo 1º de Maio, Dia Trabalho, numa segunda e desgraça é pouca é bobagem, 2006 ficou para ser iniciado no dia 2 de maio.Mas, aí viria junho e com ele a Copa do Mundo, quando o país pára. O fato obrigou a um novo adiamento da previsão para o dia 12 de julho. Isso porque, com a final da Copa prevista para o dia 9, um domingo; a segunda foi reservada para a ressaca e a terça, para assistir a chegada e o desfile dos jogadores campeões, essas coisinhas básicas. Como a decepção e as discussões sobre de quem foi a culpa pela perda da Copa que estava ganha por antecipação, ocuparam julho e agosto, houve a necessidade de um novo adiamento do inicio do ano para o dia 11 de setembro, já que o dia 7, Independência do Brasil, caiu numa quinta-feira e não “pega bem” iniciar o ano numa sexta enforcada.  Mas, porque não iniciar o ano no dia 2 de outubro, um dia depois da disputa eleitoral? Afinal, eleições são ou não a maior festa da democracia?!!Contudo, como a campanha no 1º turno migrou das ruas para a Internet e das páginas políticas para as policiais, só restou aos tribunais eleitorais, para animar um pouco a eleição, suspenderem a “lei seca”. O 2º turno – previamente definido – foi só para cumprir tabela.  Como até para os mais insensatos, exceção para o César Maia, um ano não deve começar nos meses de novembro e dezembro que, contemplam quatro feriados: Finados, Proclamação da República, Zumbi e Natal, 2006 ficará para uma outra oportunidade.Essa constatação me leva a estabelecer a diferença entre Cronistas e cronistas: enquanto o Zuenir Ventura escreveu um livro e ganha muitos “royaltys” sobre a intensidade de “1968, o ano que não terminou”, eu, que estou na iminência de pagar para escrever, descubro que minha  retrospectiva dos 365 dias de 2006 mal preenchem as trintas linhas nas quais estou confinado. A coluna de Mario Marcio entrará de férias e só retornará em 2007.

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