AVENTURAS DE UM BEM-TE-VI

    Tantas vezes já contei aventuras verdadeiras deste nosso pacífico e maravilhoso convívio com a Natureza aqui na casa em que moramos. Hoje deixarei de lado nossas árvores frutíferas, nosso jardim, o lindo gramado, além da magnífica horta que Lena cuida com talento e muito carinho. Voltarei aos seres desta divina Natureza que sabem que podem freqüentar nossa casa assim como nos permitimos usar o habitat deles que ajuda a sermos mais felizes. A maioria deles é constituída de aves, mas temos outros seres de menor tamanho, mas que para nós, no todo da Natureza, têm a mesma importância. Lembram da história que contei outro dia sobre a Esperança que nos visitou por um dia inteiro? Sempre os recebemos bem. Cada passarinho tem seu canto próprio o que completa uma sinfonia quase inacessível para quem vive em cidade grande. Nosso bairro é só residencial e a maioria das moradias é de casas. As ruas são “internacionais”, tais como Rua México, Rua Estados Unidos, Rua Canadá e por aí a fora. Não estamos livres de alguns sons altos que perturbam, principalmente em fins-de-semana, mas podemos dizer que na maior parte do tempo o silêncio é nosso aliado. E se algum som meio distante nos incomoda na hora de dormir, além de mantermos a janela fechada ligamos o ar condicionado. Felizmente os vizinhos mais próximos não são de usar este mau hábito de desrespeitar o direito dos seus semelhantes. O som, quando ouvimos, vem sempre de mais distante. Mas, deixemos de lado os seres humanos, e sua atual involução em certos hábitos e costumes, voltemos à Natureza. Apraz-me falar mais dela. É comum vermos algum beija-flor vir beber água em nossa varanda da frente. Já os fotografei e divulguei as fotos algumas vezes. O espetáculo que nos proporcionam com sua postura elegante e seu movimento de asas é autêntico poema. Cada ave tem seu canto apropriado. Gostamos de todos eles. Até galos há pela vizinhança só que eles andam meio preguiçosos, pois os temos flagrado a cantar entre 9 e 10 horas da manhã. Na minha infância e juventude, galos cantavam, mas logo que o sol anunciava seus primeiros raios no horizonte.  Alguns devem estar curiosos porque até aqui eu nada disse sobre o que o título desta crônica anuncia, então vamos lá. Eu já ouvira certo ruído quando estava na casa de trás, onde mora a mãe de Lena, e não entendia o que aquilo significava. Era como se algo estivesse batendo seguidamente no mesmo lugar e depois parava. Mas logo a seguir retornava o ruído. Até que Lena me esclareceu tratar-se de um Bem-Te-Vi que costuma vir beber água na garagem na vasilha destinada à nossa querida Lady Coker, a Tuane, cadela que já está nos 10 anos de vida. Esta tem sua casa, bem bonita, colocada ali  ao lado do nosso carro. Perto da vasilha de água fica a outra que contém o alimento para Tuane. A comida de nossos dois cachorrinhos, o Touche e a Safira, os Yorkshires, ficam dentro de casa entre a copa e a cozinha. Esses dormem em nosso quarto, mas cada um em sua caminha. O Bem-Te-Vi habitualmente nos presenteia com seu canto diferente e curioso e não nos cobra nada por isso. É uma ave bem bonita. Nunca coincidira de eu ver a cena que Lena me mostrou naquela tarde. Ao ouvir o tal ruído, ela me pediu que ficasse olhando para a cumbuca da comida de Tuane. Assim fiz. De repente desceu do telhado o lindo Bem-Te-Vi, com suas bonitas cores pastel, e foi direto pegar um grão da comida da nossa cadela. Logo voou de volta ao telhado da casa de D. Terezinha, mãe de Lena. O ruído é, em verdade, ele usando o bico para quebrar cada grão e depois comer. Fica parecendo a ação de um pica-pau, entendem? Jamais me ocorrera que um passarinho gostasse de se alimentar com os grãos da comida de nossa cachorra maior e mais velha, a Tuane. Eu nunca vira aquilo. Vivendo e aprendendo. Todavia ele será sempre bem-vindo, pois o seu canto, além de tudo, é uma graça. Pena que eu, embora tenha tentado, não consegui registrar em fotos a presença dele em nossa garagem e, na maior intimidade, “roubando” grãos da comida de Tuane. Um dia eu consigo.

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