CARLOS TRIGUEIRO, SUCESSO AOS PEDAÇOS

    Hoje vou apresentar, a quem não o conhece, este grande amigo de longa data, o excelente escritor Carlos Trigueiro. Fomos colegas no Banco do Brasil por algum tempo, mas ele alçou vôos mais altos, pois exerceu cargos de relevância no exterior, na Espanha, Itália, China e EUA, como funcionário do BB. Mas aqui o que me interessa é lhes falar um pouco do Carlos Trigueiro escritor. Coincidiu de estarmos passando duas semanas no Rio de Janeiro, em Ipanema, no mês de Agosto deste ano, quando recebi o honroso convite do amigo para comparecer a mais uma de suas tantas noites de autógrafos. Até hoje compareci a poucas, mas as dele eu jamais faltaria.  Trigueiro estaria lançando sua mais recente obra “Libido aos pedaços”, (Editora Record) o segundo volume de sua Trilogia da Confissão. O primeiro volume foi “Confissões de um Anjo da Guarda”, 2008. Desde que se iniciou na carreira vitoriosa de escritor creio que ele já lançou cerca de sete livros a partir de 1985.  Embora ele seja um escritor de ficção, o fato é que se percebe claramente em  obras como “Libido aos pedaços”, certas situações, revelações, pelas quais alguns de nós se identifica nelas, com certeza. Aconteceu comigo. Por coincidência na noite de autógrafos na Livraria da Travessa no bonito Shopping do Leblon, eu estava acompanhado não só de minha esposa Marlene como de uma de minhas cinco cunhadas, a Bete, Marinete no batismo.  Lendo o livro entenderão porque me refiro a elas. Aliás, o autor teve a brilhante ideia de usar na epígrafe do seu livro esta citação: "Quem nunca amou a cunhada não sabe o que é o amor". Quem disse isto foi o saudoso Nelson Rodrigues, e Trigueiro está homenageando o genial dramaturgo às vésperas do que seriam os seus 100 anos (*1912 + 2012) de nascimento. Garanto que tem tudo a ver. Por quê? Amigos e amigas leiam o livro e descubram por si próprios. Eu recomendo. Antes de avançar nas 222 páginas de “Libido aos pedaços” li algumas resenhas de vários críticos literários sobre a obra do amigo Trigueiro. Vocês poderão fazer o mesmo visitando com olhar atento o site do autor em www.carlostrigueiro.com/. Permitam-me transcrever aqui a opinião do poeta Hilton Valeriano em  http://www.poesiadiversidade.blogspot.com/   : "Devemos acreditar na ficção brasileira?"”Ser evolvido por uma narrativa tanto em uma perspectiva temática como lingüística, requer de uma obra literária o auspício de seu autor como um autêntico mestre do gênero. É o que sentimos ao entrarmos em contato com a obra, seja os contos, ou o romance, do escritor Carlos Trigueiro. O leitor é tomado pela narrativa. Envolvido por uma linguagem clara, sensível porque poética, de grande poder de síntese em muitos momentos, mas, sobretudo repleta de profunda elegância. Ler Carlos Trigueiro é atravessar temáticas sérias, densas, recorrentes ao cotidiano, mas que se tornam leves devido ao domínio da ironia, do sarcasmo e do humor e da fantasia. Traços de sua escrita, e que revelam um escritor analítico, porque observador da realidade. A ficção brasileira mostra todo seu vigor no livro de contos Confissões de um Anjo de guarda, e no romance Libido aos pedaços. Assim, Carlos Trigueiro se revela como a resposta positiva a nossa indagação.”  Também transcrevo de W. J. Solha (crítico, escritor e cineasta) o texto de apresentação do “Libido aos pedaços” já na orelha do livro: “Neste Romance, o autor desnuda o envolvimento do personagem Otávio Nunes Garcia com a própria psicanalista, Dra. Larissa Pontes, irmã de sua mulher. Aí, duas possibilidades. Primeira: o leitor desfruta, sem contestar, de uma narrativa instigante mas verossímil, que isso de se apaixonar pela cunhada é proverbial (diria Nelson Rodrigues). Ou Roosevelt não teria adorado sua cunhada, tão horrorosa quanto a esposa; João Batista não teria sido decapitado por alardear o incesto de Herodes com a cunhada Herodíades; Freud não teria sobre ele a suspeita de ter tido alguma coisa com a cunhadinha Minna Bernays; o tio de Hamlet não teria assassinado o irmão para ficar com Gertrude e o trono, enfurecendo o príncipe da Dinamarca. Segunda possibilidade: o leitor se envolve numa bela urdidura novelesca e compartilha das diferentes visões dos personagens (e cunhados) sobre o seu espúrio caso amoroso. Enfim, o autor nos leva às brumas do mundo psicológico, onde tudo depende de como se veem as coisas e os fatos.”  É evidente que eu não poderia deixar de citar ainda o grande escritor e poeta Affonso Romano de Sant’anna, que, em sua coluna no jornal “O Globo – Caderno Prosa & Verso”, no ano de 2004, comentou o estilo do Trigueiro em “O Livro dos Desmandamentos” (Ed. Bertrand Brasil): “É uma bem urdida e irônica alegoria sobre o Brasil. E a alegoria é o que há de mais essencial na ficção, é onde ela encosta na poesia e começa a falar do essencial, sem as impurezas da ‘prosa’. Vide Rosa, vide Clarice. Trigueiro tem um texto limpo, enxuto, com densidade poética sem pieguismo”. Diante da palavra de tantos com autoridade reconhecida para opinar, seja sobre  “Libido aos Pedaços”, seja sobre a obra do Trigueiro na totalidade, eu prefiro dizer que já li este último e me encantei mais uma vez. Por isso, prefiro ficar com o que disse o crítico W. J. Solha ao final de sua resenha: “Enfim, o autor nos leva às brumas do mundo psicológico, onde tudo depende de como se veem as coisas e os fatos.”

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