“DISCUNJURO (te esconjuro)!”

    Quando li no Apito Brasil n° 002/5, que um dos entraves à aprovação da PEC paralela era uma “… corrente oriunda do próprio meio sindical – incluindo aí SINDSEP…” imediatamente passaram pela minha memória as cenas de um filme, baseado numa história real, em que um dos protagonistas é este “escrivinhador que vos digita”.Em 2002, através de conhecidos, fui “picado” pela notícia da possibilidade de êxito em um recurso judicial, de cunho particular – recomendado por simpatizantes do SINDSEP – contra o cálculo da Reserva Matemática da CENTRUS. Estranhando o fato de que o SINAL não estivesse avalizando a tal ação, resolvi consultar o imortal Paulo Roberto de Castro sobre o assunto. Com a sua habitual metralhadora oral em riste, Paulo foi logo atirando: – “O SINAL só entra em ações em que vislumbre chance de vitória. Nessa aí, o MÍNIMO que irá acontecer é vocês perderem!”. E antes de encerrar a conversa vaticinou: “… e ter que pagar as custas dos advogados!”. Contudo, resolvi seguir as instruções dos adeptos do SINDSEP e, a meu pedido, recebi correspondência do atuário Marcos Loyola, informando que pelos cálculos dele lá que, em setembro de 96, a minha reserva seria de R$201.681,80, valor muito maior do que havia recebido.Aí não teve Paulo Roberto que me segurasse! Contatei o interlocutor sindical e recebi, através da SAUDOSA NOTA PESSOAL, além da relação de documentos necessários, a cobrança de R$100,00, um brado de “ATÉ A VITÓRIA!” e, como fecho, as “saudações sindicais”. O tempo passou e já havia até esquecido do assunto, até que, no 2° semestre de 2004, foi divulgado que, a ação da minha turma fora julgada improcedente pelo juiz de onde fora distribuída, ou seja, a 1ª Vara Cível de Brasília, e que, sem a possibilidade de recurso, às custas advocatícias no valor de R$6.069,53, deveriam ser rateadas pelos nove membros do nosso grupo. Dias depois recebi um telefonema de Belo Horizonte, de um colega de grupo, perguntando se já havia efetivado o pagamento tendo em vista que, um dos participantes da nossa turma, havia sido surpreendido com a visita de um oficial de justiça querendo penhorar-lhe os bens necessários à cobertura do valor total que nos coubera. Diante desse quadro, no final do ano passado, voltei a contatar através de e-mail o meu interlocutor em Brasília que, mais ou menos nestes termos, respondeu dizendo que ação judicial se ganha ou perde; que outros grupos estavam ganhando; que o caso do oficial de justiça teria sido um engano e que contatasse os “nossos” advogados.Esperei o assunto esfriar, até que exatamente no dia do meu aniversário em outubro, recebi a visita de um oficial de justiça em minha casa que, na frente da minha família, me apresentou um documento para assinatura, no qual constava o compromisso de saldar em 24 horas às custas advocatícias. Era uma carta precatória era de citação e penhora.Irritado com o que julgava um descaso dos membros do SINDSEP, instei novamente o meu interlocutor em Brasília pelo via eletrônica. Não me lembro com exatidão do teor da troca de mensagens, mas sei que comecei o texto de forma de provocativa, dando vivas ao SINAL. E que, a seguir, falei sério ao afirmar-lhe que o NOSSO sindicato, mesmo que estivesse conduzindo a questão indiretamente como havia feito o SINDSEP, buscaria uma solução menos traumática. Enfim, não nos abandonaria em pleno deserto à “pão e água”. Nas réplicas, o interlocutor lembrou que não cabia uma discussão sindical; que fora uma ação particular; que não bateria boca comigo e, novamente, recomendou que procurasse os “nossos” advogados.Certo de que nenhuma providência seria tomada, resolvi pagar a minha cota e o que era R$673,28, havia chegado a R$783,00 (fora os R$100,00 iniciais). Dias depois, outra pessoa do meu grupo também resolveu liquidar com o assunto e me pediu o telefone dos “nossos” advogados. Como havia inutilizado tudo referente àquele sindicato, o jeito foi passar novo e-mail ao interlocutor em Brasília que respondeu em duas palavras, fingindo desentendimento: – “Que advogados?”.  Paciente, informei-lhe que era o número dos “nossos”, daqueles fragorosamente (fui enfático) derrotados na causa da CENTRUS. E a zangada resposta foi assim: – “2260681”.Como uma coisa sempre leva a outra, o que ficou desse episódio foi à lembrança da lição ensinada pela minha mãe, que recorria sempre a mesma expressão, ao perceber a proximidade de alguém ou alguma coisa que deveria ser imediatamente exorcizada. Assim é que, a partir de agora, vou me programar para que, toda vez que der de cara com a sigla do Sindicato dos Servidores Públicos, automaticamente, exclamar: –  “SINDSEP? DISCUNJURO! (te esconjuro)”.

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