DÚVIDA

    <!– /* Font Definitions */ @font-face {font-family:Verdana; panose-1:2 11 6 4 3 5 4 4 2 4; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:swiss; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:536871559 0 0 0 415 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";}@page Section1 {size:595.3pt 841.9pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:35.4pt; mso-footer-margin:35.4pt; mso-paper-source:0;}div.Section1 {page:Section1;}–>       Recebi um e-mailperguntando se após a minha aposentadoria pretendo continuar escrevendo ascrônicas. De forma impensada e meio que “no automático” respondi que sim, mas,depois, cabeça no travesseiro, surgiram dúvidas sobre a afirmativa,corroboradas por três opiniões diferentes.        Chico Buarque justifica a sua baixaprodução musical atual com o argumento de que “a cada dia que passa fica maisdifícil compor”. Além das dificuldades naturais de inspiração, diz que, com odecorrer dos anos, está cada vez mais exigente e perfeccionista.  Nem tivecoragem de ler uma matéria sobre ele, que saiu no jornal, cuja manchete era afrase: “Escrever é um saco”. Mas, sobre Chico Buarque é preciso que eu registreque ele é o único cantor/compositor de quem eu coleciono todos os CDs e DVDs.Todavia, não é um escritor de quem eu compre um livro.        Durante muito tempo eu fui leitorassíduo uma coluna, mais ou menos quinzenal, num jornal da “terrinha”, onde ummédico de Friburgo escrevia sobre a sua infância na fazenda da sua família, nocentro-norte fluminense. Eram casos absolutamente deliciosos e que, por seremdo gênero “roceiro”, satisfaziam inteiramente o meu gosto. Outro dia, compesar, li o médico confessando que o seu manancial de histórias havia se esgotadoe que, de agora em diante, iria escrever sobre atualidades. Mas, não cumpriu apromessa. Parou de escrever.        Antes do terceiro caso, me deixabater três vezes na madeira: A Cora Rónai escreveu no Globo que durante toda adécada de 90 esperou ansiosamente pelo terceiro volume da biografia de WinstonChurchill, que William Manchester começara a publicar alguns anos antes e quejá somavam 1.729 páginas. Até que, em agosto de 2001, leu que o escritor,debilitado por dois derrames que se seguiram à morte de sua mulher em 1998,desistira de terminar a biografia em que trabalhava há 25 anos.        “Durante 50 anos, escrever, paramim, foi tão fácil quanto respirar. Agora, não consigo mais”, disse WilliamManchester. “O sentimento é indescritível”.        No meu caso, escrever ainda é umprazer. Mas, paradoxalmente, começar a escrever é cada vez mais dificultoso.Luto contra mim mesmo. Invento mil desculpas para adiar mais um pouco. Só apremência do prazo é que me faz abordar um assunto que dançou pela minha cabeçaa semana inteira e não foi para o papel.        Também tenho medo da escassez,porque, assim como o médico cronista de Friburgo, eu imagino que já conteitodos os casos que conheço. E como me considero somente um “escrevinhador” dehistórias, o “meu futuro a Deus pertence”, como diria o Sarney aos 79 anos.        O que me anda “encucando” é que, pormuito tempo, eu escrevia freneticamente, mas – com vergonha de mostrar – eu nãofazia nenhuma questão de publicar. Agora em que, mal ou bem, a Rionet e o Sinalaceitam divulgar meus escritos, tenho preguiça de escrever.

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