O ENIGMÁTICO SORRISO DO OBAMA

    Eu sei que se for somado tudo o que se disse, foi escrito e mostrado acerca do Barack Hussein Obama, desde a posse até o dia de hoje, o resultado daria para transbordar os oceanos Atlântico, Ártico, Índio e Pacífico. Contudo, vou insistir no assunto porque dei conta de que eu, um feroz inimigo da política imperialista dos EUA, participante daquelas antigas passeatas de protesto que aconteciam no Rio, na Avenida Rio Branco (por onde desfilava preocupado em acenar para algum conhecido na calçada com ar de superioridade), assisti, nessas férias, por bom tempo, à posse do novo presidente americano.Sem querer estabelecer nenhuma comparação com outra cerimônia de passagem de poder de qualquer outro país, os americanos, cientes de que o mundo inteiro estaria de olhos grudados na festa deles, deram um show de civismo e simplicidade. Mesmo assim, a princípio, não deixei de imaginar que, como aqui, onde os arroubos patrióticos sempre nos levam a correr o risco da presença de um show de pagode, haveria a apresentação de cantores de música de country e de rituais de danças indígenas. Que nada! Houve a rápida fala de dois pastores, duas apresentações musicais e a declamação de uma poesia. No lugar dos inúmeros e caudalosos discursos, um pronunciamento do Obama de vinte minutos. Os senões foram os atrasos e uma interminável parada pela Avenida Pensilvânia.  A civilidade ficou por conta das presenças de todos os ex-presidentes vivos à posse (os Bush"s, Clinton e Carter) e o mais significativo: o comparecimento de John M"Cain, adversário de Obama na eleição à presidência. "Igualzinho" aqui no Rio em que prefeito anterior não compareceu para passar o cargo para o Eduardo Paes, o atual. Mas, como dizia minha mãe: quem nasceu para ser César Maia, nunca passará de César Maia.    Contudo, não deixei de franzir a testa quando (pelo menos para mim) ficaram ressaltadas duas atitudes do Obama: a primeira, observada nas fotos dos bailes da posse, passou a impressão de ter olhado suas parceiras de cima para baixo. Com certa altivez, eu exageraria. Será que é um sintoma? E se for, o que significará? É uma atitude positiva ou negativa?A segunda foi o seu sorriso. O Barack não começa a rir devagarzinho até mostrar a sua perfeita dentição como – alegremente – sempre aparece nas fotos dos jornais e revistas. Não! O sorriso dele é automático. Está pronto! E é enigmático! Por sinal, o narrador da TV lembrou que a instantaneidade do seu sorriso foi a resposta usada na campanha para as perguntas embaraçosas.     Não sei se procedem as minhas preocupações sobre a suposta altivez e o significado dos sorrisos do Barack Obama. Não faço idéia. Todavia, o que tenho ouvido é que, desde que tomou posse, Deus está de férias. E, também, existe aquela história contada pelo Veríssimo, de que "Baraca" não quis ir a pé do Capitólio para a Casa Branca, como fez o Jimmy Carter, porque não resistiria à tentação de caminhar sobre as águas do lago.

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