O MÁGICO DE OZ

              Minha filha interrompeu a minha leitura e anunciou – “Pai, comprei quatro ingressos para o teatro. Vamos eu, Tiago (o namorado dela), minha mãe e você”. Sem me dar o direito de dizer se concordava ou não, ainda emendou: – “Vamos ver o Mágico de Oz”. Espantado, fechei os olhos, respirei fundo e pensei; – “Meu Jesus Cristinho! Eu não mereço uma peça infantil”.          Uma hora antes do início da peça ela foi imprimir os ingressos comprados pela internet, mas a impressora não estava funcionando. Enquanto ela buscava uma solução, permaneci solidário ao seu lado e até disse, disfarçando a satisfação: – “A minha parte e da sua mãe, indo ou não, eu pago”. Dei uma saída do cômodo. Na volta ela estava com os ingressos na mão.        Na entrada do teatro resolvi comprar balas. O ambulante recomendou que levasse alguma coisa para comer. “São três horas de espetáculo”, disse ele. “Três horas!? Que mal eu fiz ao mundo!?”, perguntei para mim mesmo. Comprei também um saco de pipocas.       Dei uma olhada geral no público que estava na fila de entrada e reparei uma porção de crianças – o que me deixou mais preocupado. Foi impossível não pensar que teria que suportar uma gritaria infernal.        Quando ia subir a escada no interior do teatro com o saco de pipocas na mão, a recepcionista, gentilmente, decretou: “Nada de comer pode ser levado para a plateia. O senhor terá que consumir aqui ou joga fora”. Optei pela segunda opção.       Nossos lugares eram no balcão inclinado para baixo, que ficava em cima do térreo. Não via o início do palco e, para piorar, na minha frente havia um pai de alta estatura com o filho no colo que não parava de balançar a cabeça, como um pêndulo. Na fileira imediatamente depois a do pai grandão, sentaram-se dois sujeitos também altos e de boné. Pouco vi o primeiro ato. Acompanhei as gargalhadas sem saber muito o porquê e reconheci algumas das músicas.       Quando voltamos do intervalo fiquei “na cara do gol”. O sujeito com a criança havia trocado de lugar e os dois dos bonés não regressaram. Foi aí que deu para perceber que o “Mágico de Oz” era um grandíssimo espetáculo, não só para crianças como também para adultos. Os diálogos, atualíssimos, eram inspirados e engraçados. Os figurinos, um primor. Foram 14 cenários diferentes e diversos efeitos especiais, como um ciclone, explosões, fogos, voos, eventos que dão movimentação extra à peça. O destaque ficou por conta que da morte da “Bruxa Má” que foi derretendo no meio do placo. Um truque espetacular.         O “Mágico de Oz”, uma adaptação para o teatro do filme estrelado por Judy Garland em 1939, conta a história de Dorothy Gale, que vive numa fazenda no Kansas. Após um ciclone, ela vai parar numa terra chamada Oz, acompanhada apenas por seu cão. Lá, ela conhece o “Espantalho”, o “Homem Lata” e o “Leão Covarde”. Juntos, eles seguem em busca do Mágico de Oz para resolver seus problemas e enfrentam as vilanias da “Bruxa Má”, cujo grande sonho de consumo são os sapatos vermelhos de Dorothy.        Entre os atores reconheci o Luiz Carlos Mieli, que faz o “Mágico de Oz”, e o Lúcio Mauro Filho, que é o “Leão Covarde” (mariquinha). A Dorothy é Malu Rodrigues que, de acordo com a minha filha, é atriz de novelas. O grande destaque é a “Bruxa Má”, da Maria Clara Gueiros. Um show!        Na saída notei algumas mães com suas criancinhas de colo, fato que me fez lembrar as crianças na plateia. Foi aí que conclui que o espetáculo é tão bom que não ouvi gritaria e tampouco ouvi os nenéns “caindo no berreiro”. A conclusão é que nenhum bebê trocou a atenção do que se passava na peça pelo choro que, geralmente, significa vontade de mamar.

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