O PASSADO ME VISITA MAIS UMA VEZ

    Na crônica anterior eu lhes contei a minha emoção com o surgimento de duas lindas jovens na minha telinha a trazer de volta parte importante do meu passado distante. Fernanda e Danielle trouxeram com elas o saudoso Advaldo Castro, amigo com quem trabalhei na Rádio Marajora, nos anos 50. Mas, no dia imediato ao que me escrevera a Dani, o terceiro na seqüência, chegou-me outra mensagem. Quando bati os olhos nela não resisti e confesso que liberei de imediato um pranto sem mágoas, sem sofrimento. Foram lágrimas saudando outro reencontro. Outra volta ao meu passado. Há alguns anos eu perguntara a diversos amigos, inclusive a dois jornalistas paraenses que mantêm contato comigo regularmente, se podiam me dar notícia de outro amigo dos tempos de rádio, anos 50, o excelente ritmista conhecido no meio artístico como “Papão”.  Apesar de minha insistência e de inúmeras buscas nesta internet nada consegui e desisti de procurar pelo amigo. Foram tentativas fracassadas que lamentei muito. Pois aquela mensagem que estava ali na minha frente, naquele momento, trazia a assinatura justamente do… “Papão”. Lena, vendo que eu estava visivelmente emocionado, procurou saber a razão daquilo. Respirei fundo e falei para ela. Era uma coincidência daquelas para derrubar qualquer sentimental, como eu sou. Vejam que após tanta procura o amigo, de repente, “caiu no meu colo”, ou melhor, surgiu na minha telinha. Ele disse que me reencontrara ao ler minha crônica “Um piano ao cair da tarde”. Este texto eu divulguei em Setembro/2005. Podem lê-lo por este link.  Alexandre, verdadeiro nome do nosso “Papão”, chegou a mim dizendo: “Boa tarde Francisco Simões, Encontrei na internet o seu texto: “Um piano ao cair da tarde”, no qual você menciona a minha pessoa. Sou o Alexandre – Papão, no momento moro no Rio de Janeiro, mas sou de Belém do Pará e trabalhei contigo na rádio Marajoara e na rádio Clube. Lembro de você e gostaria de manter contato.”  Então fez o destino que o amigo que tanto procurei estivesse mais perto de mim, no Rio, do que eu podia supor. Oh vida, oh céus…  Alexandre chegou a se tornar um ritmista internacional tocando na Europa. Praticamente atuou na gravação de todos os discos de Martinho da Vila. Já colocamos a conversa mais ou menos em dia batendo um longo papo ao telefone. Logo nos reencontraremos pessoalmente.  Fiquei muito feliz em saber que nosso amigo “Papão” está muito bem, casado, com uma filha recém formada na Universidade e curtindo certamente uma aposentadoria muito merecida. Ele sempre foi muito querido no rádio paraense pela sua simpatia, educação, homem comunicativo, além do talento de ritmista inigualável.  A foto em que o nosso Alexandre, o Papão, junto com familiares, está sentado na bateria, feita agora em julho deste ano, em Belém, representou a despedida dele do seu instrumento. Disse Papão que… “meu amigo, levei minha bateria e doei para  o pessoal da musica da Igreja  onde meus familiares fazem parte ,  tenho recebido e-mail do pessoal agradecendo e o rapaz que toca a bateria disse estarem muito felizes, o que me faz feliz também.” — Maravilha, amigo Alexandre. Este é o nosso Papão. Vejam que num período de apenas três dias voltaram a mim muitas e muitas imagens de um passado que ficara na bruma do tempo.  Mas, será que ficou mesmo ou está por aí entrelaçado, como alguns desconfiam, entre passado, presente e futuro?! Sei lá, porém garanto que desta vez o passado voltou ao meu encontro para plantar novas raízes no presente.  Alexandre, o grande “Papão”, me reencontrou, não obstante eu tivesse envidado tantos esforços para descobrir por onde andava este amigo dos tempos de rádio, em Belém do Pará, anos 50. É assim, amigos, a vida sempre nos surpreende e jamais saberemos a razão de certas “coincidências”.  Ao Alexandre, o nosso “Papão”, as minhas boas vindas, ou bom retorno, ressurgindo de um passado tão distante, mas trazendo com ele a mesma amizade que tem tudo para se tornar eterna. Valeu, amigo “Papão”.

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