POR LINHAS TORTAS

    Amigos, digamos que na imprensa carioca todos os jornais, em vez de terem suas equipes de escritores, colunistas, e jornalistas, exclusivos, passassem a adotar o critério de receber em suas páginas trabalhos de outros profissionais que já atuam nos demais periódicos. Refiro-me a jornais do mesmo Estado, mesma cidade. Digo se, por exemplo, O Globo, O JB, A Última Hora, O Dia, o Extra, entre outros, passassem a divulgar simultaneamente textos dos mesmos escritores, dos mesmos colunistas. Era só abrir um deles, em qualquer edição, e lá estariam os escritos dos mesmos autores. Ou pior, se estes divulgassem naqueles jornais, simultaneamente, textos idênticos, exatamente iguais, entendem? Quero dizer, você abriria o JB e leria, naquela edição, textos que estariam publicados nos demais periódicos. Qual a sua opinião sobre isso, amigo(a)? Você é a favor? Para mim isto pareceria uma mixórdia, uma barafunda, uma baralha, e, como diz um grande amigo: “Todos os jornais estariam com a mesma cara…” Ele está certo. Que graça teria o exemplo que explano acima? Os responsáveis pelos jornais não poderiam dar uma idéia de que teriam enlouquecido?!  Os escritores que se deixassem levar nessa enxurrada de mau gosto, ao que visariam? Aquilo não caminharia para um certo sentido de vulgarização, mesmo do bom, do excelente? Julgo que sim.  Alguém argumentará que nos exemplos por mim referidos há um ponto importante do relacionamento entre quem escreve e quem o divulga a ser considerado. É claro que aí entra o profissionalismo, o salário, e outros compromissos assumidos entre as partes que não podem ser descumpridos. Assim é praticamente impossível que aquela “ficção” um dia se torne realidade. Ainda bem. Com relação à tradicional imprensa escrita é lógico que se pode dizer isso, com certeza. O mesmo entretanto não se pode aplicar aos coojornais e/ou sites literários na internet que hoje alcançam um prestígio de público fantástico. Isto por todo o planeta, sem fronteiras e sem limites. Não imaginam até onde somos lidos, até onde nós chegamos e com que velocidade, se considerarmos também os vários repasses dos informativos e comunicados que alguns divulgam. E saibam que nos sites literários da internet todos, ou quase todos, escrevemos por amor ao que fazemos, exclusivamente por amor. E botem amor nisso. Assim como é raro, muito raro se ver algum profissional do jornalismo integrar alguma equipe nesses espaços. O ônus da criação e manutenção dos sites corre, via de regra, por conta dos heróis e heroínas que, também por amor à literatura, dão tudo de si para os manter “on line”, muitas das vezes até com sacrifício pessoal, sabemos bem disso.  Assim devemos considerar que quem escreve em sites literários nesta internet, em prosa ou em verso, dependendo da sua divulgação, do seu talento, do seu relacionamento enfim com outras pessoas que se empenham em divulgar o que julgam merecer seu apoio, pode figurar em vários espaços, simultaneamente. Isto é bem diferente do que argumentei acima em relação à imprensa escrita. Vejam que hoje em dia neste universo imenso que a internet nos permite alcançar nem todos os internautas freqüentam todos os espaços literários que lhe são oferecidos. Os espaços costumam ter um público, digamos, meio fixo, embora estejam sempre a alargar o seu horizonte de visitas e leituras. Via de regra falta-lhes é patrocínio, mesmo desenvolvendo um trabalho literário muito sério.  Infelizmente parece muito curta a visão daqueles que poderiam participar nesta divulgação literária de uma importância que nem todos avaliam corretamente. Há aí também uma boa dose de preconceito, especialmente com relação a valores novos que surgem de forma acanhada e muitas das vezes explodem num sucesso que poderia ser melhor reconhecido se avaliado sem discriminações odientas. Para sobreviverem, para sustentarem um sonho, para manterem on line uma obra à qual os que poderiam ajudar fazem vista grossa, viram-lhe as costas, não patrocinam, alguém acaba necessitando de recorrer a outras fontes, digamos assim. Sou amplamente favorável a que quem seja divulgado, e muito bem divulgado, tenha um mínimo de reconhecimento nesta troca, neste envolvimento, estando todos afinal irmanados na mesma luta. Lamentavelmente isto não ocorre. Mas, vamos deixar de lado o profissionalismo e o salário, claro, já que neste terreno um dos dois elementos inexiste. Resta o compromisso de uma eventual fidelidade que existe sim, em alguns casos, na internet, a um só espaço. Tenho exemplo bem concreto, como o meu, embora muitos julguem esta atitude uma bobice. Meu julgamento vai justo no sentido oposto. Quando envio um texto para o coojornal da revista Rio Total, por exemplo, cumpro um compromisso de honra de não o mandar simultaneamente para outro qualquer espaço literário. Este compromisso foi por mim assumido desde janeiro/2001 e jamais falseei com ele. Nem o faria. Só o divulgo em outro espaço após ele ter saído do coojornal, semanalmente.  Outros maravilhosos espaços que me abrigam, que me divulgam, creio que três, assim como a outros autores, têm recebido textos meus escritos em anos anteriores numa espécie de exercício retrô pelo qual tenho o maior respeito e para os quais seleciono o que julgo de melhor já tenha escrito. É igualmente uma divulgação muito importante tanto de crônicas como de poesias. Sou imensamente grato pelo apoio e divulgação.  Se não o faço mais vezes é porque me cansa muito e o tempo se torna exíguo para nos desincumbirmos com seriedade e responsabilidade deste trabalho. Temos que considerar também o tempo dedicado a responder mensagens de leitores. Aquela atenção indispensável que merecem os que nos lêem e nos escrevem comentando nosso trabalho. Sobre isso sei que também nem todos dão a mesma atenção aos que os lêem e comentem seus trabalhos. Isto eu lamento porém respeito a posição de cada qual, mesmo não concordando com ela.  Tenho dito, mas não sou dono da verdade. Por isso cedo a palavra. Pense no assunto.

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