SOBRE PREFEITOS E PREFEITOS  

                 As entrelinhas das notícias dos jornais dimensionam como tratam a causa pública os prefeitos do Rio, S. Paulo e Nova Iorque. A diferença é nítida. E o julgamento é livre.        Candidata à reeleição, Marta Suplicy vem revertendo sua impopularidade. A alavanca para a retomada da confiança popular foi o irrestrito apoio ao MP, para “enfiar a mão na cumbuca” da máfia dos transportes urbanos. A cronista Mônica Bergamo da Folha-SP, passou um dia junto à prefeita e verificou o quanto é crescente o reconhecimento pelo povão, da “blitz” social que está sendo realizada nos subúrbios paulistanos. A jornalista conheceu o calçamento de ruas, o recapeamento de avenidas, instalação de esgotos, visitou escolas que, além da elogiada merenda, possuí computadores e webcams e foi conhecer o CEU (Centro Educacional Unificado) – serão 21 este ano, 24 no próximo ao custo de 13 milhões cada. O espaço vai ter orquestra, teatros com ar condicionado e piscinas para os idosos.  É óbvia a percepção também de queixas como a da moradora Neide Evangelina que disse na cara da prefeita: “Votei na senhora, agora estou decepcionada…”.        Contrariamente ao que vem acontecendo em S.Paulo, a população de Nova Iorque está furiosa com o Michael Bloomberg que insiste em bombardear os moradores com a aplicação de multas excêntricas como forma de arrecadar fundos para superar o déficit financeiro: Jesse Taveras, 19 anos, foi multado por ter sentado num caixote de leite do lado de fora do salão de beleza em que trabalha, por uso indevido do caixote. O israelense Yoav Kashdia, foi multada em US50, 00 por ter ocupado de uma só vez dois assentos vazios do metrô. Um comerciante de Greenwich Village foi penalizado em US$400 porque o toldo de sua loja tinha palavras demais. Grávida, a estudante Crystal Rivera, foi descansar na escada de dentro de uma estação do metrô e foi multada sob alegação de bloquear uma passagem. O “Daily News” resumiu as ações da versão norte-americana do Jânio Quadros numa frase: "O simples fato de estar vivo pode gerar uma intimação!”.        Sempre “esquecendo” que a boa situação financeira da prefeitura carioca se iniciou a partir do recebimento dos “royalts” do petróleo, fato ocorrido poucos meses antes da sua primeira administração, César Maia vende a ilusória imagem que, sob sua batuta, o Rio é uma “ilha de excelência”. Pior, omite a presença de cláusulas indecentes previstas no contrato para a instalação do Museu Guggenheim-Rio, a sua “menina dos olhos”, reveladas em O GLOBO:mesmo que o projeto não saia, a prefeitura irá pagar a parcela inicial de US$9 milhões pelo uso do nome. O custo total seria de US40 milhões, mas depois que Wall Street Jornal, denunciou que isso significaria o dobro que foi cobrado a Bilbao, o preço baixou para US$28. 650,00.O município se comprometa a cobrir os déficits operacionais do museu durante 10 anos, ou US$12 milhões anualmente. O estudo da viabilidade custou US2, 1 milhões e ao arquiteto Jean Nouvel embolsou R$ 48 milhões. Pela supervisão das obras a prefeitura vai remunerar o Gugg em mais US$4 milhões até 2007.Jornais como o “NY Times” e o "Economist" estranham um comprometimento de recursos numa fundação falida, com filiais sendo fechadas, como a de Las Vegas.        A justificativa de César Maia é digna de uma tese sobre devaneios: calcula a freqüência em 910 mil pessoas por ano a um preço de entrada de US$3, 10 (o Corcovado, o maior cartão-postal da cidade, atrai 750 mil). O prefeito estima ainda que, cada pessoa, vá gastar no Rio, “porsua permanência mobiliada pelo museu”,MIL DÓLARES  por dia.         Sobre mais essa “viajada na maionese” do prefeito, Zuenir Ventura foi definitivo: final: “é uma fantasia segundo a qual o Gugg atrairia não turista, mas benfeitores”.            E então? Numa hipotética disputa entre os três em quem você votaria?

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