SUPERLATIVO

               Li no O Globo que o campo de pelada, na saída do Túnel Rebouças, na Lagoa, no Rio de Janeiro, que era um buraco só, ganhou grama sintética – e, junto, freqüentadores que afastaram a turma do cigarro não-convencional: os guardas municipais que agora estão malhando no ex-Maconhão.            Eu não sei como “rola” nos outros lugares, mas por aqui, temos a mania de apelidar no superlativo.             Um dos primeiros prédios construídos na Cidade Nova, bairro revitalizado do centro do Rio de Janeiro, foi o da Prefeitura. Como o local foi por muito tempo ocupado por prostitutas, a sede da municipalidade carioca é conhecida por “Piranhão”.            Nem a minha “santa terrinha”, Friburgo, está livre da mania: um antigo charco, onde cavalos pastavam, depois de transformado numa “arena” onde são realizados variados eventos, ganhou a horrorosa alcunha de “Pastão”.             Pelo menos na capital paulista é comum "superlativar" o nome das pessoas: Luis vira Luisão; Carlos vira Carlão; Paulo, Paulão. Quando morei por lá, não custei a virar o Marão. Depois de um tempo, o superlativo foi aperfeiçoado: passei a ser Marião. Acho que essa onda de chamar aquele cara que recebe a bola nas costas do marido de “Ricardão” surgiu lá.               Mas quem gosta mesmo de um superlativo é o mundinho do futebol. E não estou me referindo aos nomes dos jogadores, porque existem muito mais “Fabinhos” do que “Fabões”. Contudo, virou e mexeu, tudo termina em “ão”: Brasileirão, Timão, Gauchão, Paulistão, Cariocão, Vascão, Verdão, Fogão, Curingão, Flusão, Mengão, Mecão.             Muitos estádios de futebol tiveram nomes de seus benfeitores políticos – no superlativo – apelidando as praças esportivas. Mas que ninguém julgue mal. Eles juram pela “mãe mortinha” que as ” anônimas, sinceras e despretensiosas homenagens são fruto do anseio popular em agradecê-los e imortalizá-los”: Albertão, Aluizão, Barradão, Batistão, Castelão, Machadão, Serejão, Vivaldão.            Na Copa do Mundo, a África do Sul, quem sabe para se imunizar contra a mania brasileira de "superlativar", variou os nomes dos seus estádios entre a pompa e a complicação: Soccer City, Ellis Park, Mbombela, King Senzangakhona, Kwazulu-Natal. Mas, não teve jeito. Eu ouvi, ninguém me contou, um locutor de TV brasileira, com toda intimidade do mundo, só se referia ao Nelson Mandela Stadium, em Port Elizabeth, como  “MANDELÃO”.

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