TÁ TODO MUNDO LOUCO?

    O título acima pertence a uma música do cantor e compositor Sílvio Brito. Foi composta há muitos anos para um festival, e como ele mesmo diz em seu site: “Essa música foi feita num momento em que eu estava com saco cheio, com raiva da vida, com raiva de tudo, fiz então essa música para encher o saco de todo mundo também…” Pois é justamente como me sinto ao tomar conhecimento de certos assuntos relacionados com o ensino, ou a educação (ou seria deseducação?!) das crianças no governo atual. Eu já lera em jornais, já ouvira na TV, e aí me veio, circulando nessa internet, um artigo atribuído a Luiz Antonio Simas, Mestre em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor de História do ensino médio. Também me sinto indignado. Não sei se todos vocês já leram o referido artigo que tem o título de “O CRAVO NÃO BRIGOU COM A ROSA”, assim o ponho à disposição de quem quiser lê-lo clique aqui… Há lá diversos artigos do mesmo professor Simas. O que trato aqui é o quinto, de cima para baixo, ou era, postado em 14/março. Podem ir lá conferir, por favor.Mas me permito adiantar aqui alguns trechos onde ele analisa e critica o que pessoas, usando e abusando do que deploro, ou o tal de “politicamente correto”, parece que tentam deseducar alunos de hoje com interpretações pessoais e absurdas, desrespeitando hábitos, costumes, nosso folclore, enfim, até atropelando o que construiu o nosso Mestre Villa Lobos. Vamos a alguns fatos. “Soube dia desses que as crianças, nas creches e escolas, não cantam mais “O cravo brigou com a rosa”. A explicação da professora do filho de um camarada foi comovente: a briga entre o cravo – o homem – e a rosa – a mulher – estimula a violência entre os casais. Na nova letra "o cravo encontrou a rosa debaixo de uma sacada/o cravo ficou feliz /e a rosa ficou encantada".”Que diabos é isso? O próximo passo é enquadrar o cravo na Lei Maria da Penha. Será que esses doidos sabem que O cravo brigou com a rosa faz parte de uma suíte de 16 peças que Villa Lobos criou a partir de temas recolhidos no folclore brasileiro? É Villa Lobos, cacete!” Meu prezado Luiz Antonio Simas, acredito muito mais que essa gente enxergue, sim, um palmo (acho que um palmo é muito!!…) diante de seu (deles) nariz, porém queiram transformar o ensino dentro de suas convicções pessoais, aí incluídas política e ideologia. É evidente, irresponsável e perigoso.  Desde que começaram inventando o tal de “afro descendente”, não pararam mais com este “politicamente incorreto” e se julgam poder tudo, um tudo que não vale nada. Quem lhes deu autorização, por exemplo, para pensar que quem é negro se sente ofendido de ser assim considerado, como sempre o foi? Sou hoje casado com uma mulata, e sua família, também minha família, é toda de negros, e ninguém se sente envergonhado ou diminuído por isso, muito pelo contrário. Como outro dia me disse um bom amigo, o Otávio Macedo: “Simões, negro não é cor, é raça.” Mas a esses bobalhões (deixo babaca por conta do autor do outro texto), esses tolos, para ser educado, foi dado certo poder e eles não sabem o que fazer com ele, daí…  Vamos avançar mais um pouco no texto do professor Luiz A. Simas: “Comunico também que não se pode mais atirar o pau no gato, já que a música desperta nas crianças o desejo de maltratar os bichinhos. Quem entra na roda dança, nos dias atuais, não pode mais ter sete namorados para se casar com um. Sete namorados é coisa de menina fácil”. “Ninguém mais é pobre ou rico de marré-de-si, para não despertar na garotada o sentido da desigualdade social entre os homens”. – Quanta estupidez, ilustre professor. Pois desde pequeno é que eles já devem começar a conhecer a realidade, o mundo em que estão inseridos, não a fantasia desenhada ou ditada, ou escrita por alguns energúmenos travestidos de “críticos” do ensino tradicional. Vamos a mais uma passagem do texto do Professor e Historiador Luiz A. Simas: “Nas aulas sobre o barroco mineiro, não poderei mais citar o Aleijadinho. Direi o seguinte: o escultor Antônio Francisco Lisboa tinha necessidades especiais… Não dá. O politicamente correto também gera a morte do apelido, essa tradição fabulosa do Brasil”. Pois é, caro professor, quando essas autoridades ( ou seria “otoridades”, pois pelo raciocínio deles parece que sim…) tentam até justificar que o livro didático que ensina aos brasileiros que falar ou escrever errado está certo, o que mais podemos esperar desse, digamos, Ministério da Deseducação? Pobre Brasil. É, professor, eu não sei se rio ou se choro, e pensar que “aprendi tudo errado” na minha infância e juventude que me trouxe hoje aos 74 anos em que me encontro. Meus professores, mesmo de Escola Particular, deviam ser todos “ignorantes”.  Saiba, porém, caro Professor, que recebi de duas amigas manifestações de alguns  doutores em educação, lingüistas, professores, etc, apoiando integralmente o tal livro aqui criticado e querendo colocar a coisa mais ou menos nesses termos: quem critica é “preconceituoso”, é da classe dominante, reluta em aceitar o que “os autores do livro apenas seguem, ou seja, o que recomenda o bom senso e a boa pedagogia da língua.”(!!)  Mais, dizem alguns deles que “o desvelamento da nossa cara linguística tem incomodado profundamente certa intelec­­­tuali­­­dade.” (!!) Em resumo, eles estão certos, nós estamos errados. Parece desejarem criar uma separação de classes que não me agrada e me preocupa, pois que partindo de quem é formado para ensinar. Concordo com o que me disse outro dia um grande e culto amigo da antiga: “Melhor ficar por aqui,Simões,cada um que fique com sua opinião. A "briga" deixou de ser racional e virou "crença" ou "paixão"; parece torcida de "times" de futebol, cada um tem a sua.  Lamentável. Preocupa-me, agora, que a qualidade da educação irá piorar muito mais,…”  O jornalista Carlos Eduardo Novaes escreveu e divulgou no site do Jornal do Brasil um artigo com o título “Livros para inguinorantes”. Procurem ler lá. A matéria começa com este parágrafo:”Confeço qui to morrendo de enveja da fessora Heloisa Ramos que escrevinhou um livro cheio de erros de Português e vendeu 485 mil ezemplares para o Minestério da Educassão. Eu dou um duro danado para não tropesssar na Gramática e nunca tive nenhum dos meus 42 livros comprados pelo Pograma Naçional do Livro Didáctico. Vai ver que é por isso: escrevo para quem sabe Português”!! Para ser sincero e encerrar esse papo, tal como disse o Silvio Brito naquela música, eu também estou, neste momento, (me desculpem o termo) de saco cheio com aquela turma, com raiva de tudo que deles venha, que eles inventem, que queiram explicar e justificar, que tentem impor.  O pior é que em verdade não está todo mundo louco, não, eles e elas, “otoridades da edukachão”, é que parece estarem delirando e se lambuzando com o poder que lhes puseram nas mãos ou nas cabeças. Arre égua.

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