QUANDO O COMENTÁRIO VALE UMA CRÔNICA

     Amigos e amigas, vocês sabem que gosto de receber comentários sobre meu trabalho e jamais deixo quem me escreve sem uma resposta, sem uma palavra. Felizmente conheço outros autores que agem da mesma forma. Claro que também há quem não adote esse tipo de atitude. Uma pena.  Guardo todos os comentários em uma pasta desde janeiro/2001 quando aqui comecei a escrever novamente apoiado pela amiga Irene Serra. Fico feliz de ver o total que hoje elas representam. Mas isso agora não é importante.  Eu também tenho valorizado o que alguns amigos me escrevem, chegando, em alguns casos, como neste, a transformar os seus comentários em uma crônica, ou a escrevendo a quatro mãos.  Em Dezembro do ano passado eu divulgara o texto “Ano Novo – Fazendo Um Balanço” e um bom amigo da antiga do BB, o Manuel dos Santos, mandou-me um comentário que li e reli algumas vezes. Percebi que a mensagem dele trazia mais que um simples comentário, muito mais. Guardei-o e agora o revelo a todos vocês. Mais importante do que esta minha “entrada” é o que escreveu o Manuel. Não alterei nada, absolutamente nada. Ele divaga em cima do texto da minha crônica, porém dizendo muito mais, com suas palavras, do que eu pretendera passar para os meus leitores na mensagem de final de ano.  Com muita satisfação eu revelo agora o que me escrevera o amigo acima referido ao comentar meu texto em Dezembro/2010. Afinal, como teria dito o filósofo Sêneca: “Não há encanto em possuir algo que não seja compartilhado”. Sêneca, filósofo romano, 14 a. c.  Leiam, por gentileza:  “Simões, A vida é mais ou menos isso: uma via comprida que todos temos de percorrer, enquanto vivermos. Durante a viagem,  passaremos por trechos com qualidade de auto-estrada, mas em muitas outras ocasiões, o caminho poderá ser pedregoso, enlameado, íngreme e à beira de precipícios.  Poderemos, uns mais outros menos, encontrar muita sombra e água fresca, mas também poderemos ter de enfrentar períodos de canícula e de escassez; alguns até passaremos fome e sede e sofreremos maleitas.  Alguns percorreremos distâncias mais longas, outros findaremos a caminhada mais perto; não só em razão de quantos anos cada um viva  mas, principalmente da forma como caminhe, de como viva a vida. Há os que andarão tão depressa, que nem gozarão das boas coisas que o caminho tem a lhes oferecer; outros andarão tão devagar, ou tão desanimados, que ao final pouco irão conhecer das diversidades que a vida lhes poderia oferecer, mas não quiseram nem ver.   De tempo em tempo, todos seremos obrigados a parar, para descansar e curar feridas. Será uma boa oportunidade para avaliarmos nossa caminhada: o que fizemos bem e mal, o que nos provocou tropeços, o que nos machucou. Há que guardar na memória tudo o que nos ajude a não repetir os erros e descuidos. O resto deve ser jogado fora.  Foi o que pretendeste fazer, ou assim eu entendi, no teu texto. De nada adiantará praguejar por causa dos nossos erros, ou contra o que nos provocou tropeções e sangramentos, pois o passado não tem conserto. Também não podemos, por desgosto, desistir da caminhada, pois deixaríamos de viver a vida, ainda que fisicamente continuássemos vivos. Então? Então, o momento da avaliação é também momento próprio para planejar as etapas seguintes da nossa vida. E, uma vez isso feito, “vamos esquecer o passado”, como dizia o nosso amigo Balasco.  Depois, devemos evitar andar de costas, com saudades (ou raiva) do passado, pois arriscamo-nos a cair num buraco que estava no caminho e que nós, por estarmos andando de costas, não vimos.  Devemos de caminhar olhando para o horizonte, sempre de olho no destino a que escolhemos chegar.  Assim, ficaremos mais animados e  motivados a continuar, porque a cada passo ficaremos mais próximo.  Caminhando para frente, teremos ainda melhores condições de nos defender dos perigos e mais oportunidades de perceber caminhos alternativos ou atalhos convenientes. Bom ano novo.Um abraço, Manuel.” Em Tempo:- Balasco, outro grande amigo referido por ele, trabalhou conosco, também era luso-brasileiro, como eu e o Manuel, e morreu cedo, muito cedo, pouco tempo depois de se ter aposentado.

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