A “moderação” de Tombini

    Por Angela Bittencourt | De São Paulo

    Quando informados de que o diretor de Assuntos Internacionais e Riscos Corporativos do Banco CENTRAL, Luiz Awazu Pereira, afirmou em entrevista ao Valor, que os juros subiram acima “de qualquer medida razoável de neutralidade” e permanecerão neste patamar pelo tempo “adequado”, economistas e chefes de tesourarias bancárias deram duas interpretações a tanta assertividade – uma política e outra operacional. Entenderam que Awazu pode ser indicado por ALEXANDRE TOMBINI para a presidência do BC, a partir de janeiro de 2015, e que a Selicsubiu demais.

     

    Sendo assim, o próximo movimento do Copom será de redução da Selic ou sua manutenção por um tempo prolongado nos 11% ao ano que agora está.

     

    Mas o presidente do BC, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), surpreendeu. Em menos de meia hora usou “moderação” e suas “variações” para qualificar o ritmo de expansão dos investimentos, do consumo, da renda das famílias e dos serviços. Não parou aí. TOMBINI afirmou que a confiança melhorou, “na margem”. E alertou que não se pode descartar um cenário de “recuo” da produção industrial em 2014.

     

    O presidente do BC, em seu balanço periódico da gestão monetária, acrescentou que a inflação continua sob controle e “encerrará 2014 dentro dos limites do regime de metas”. No Brasil, isso significa entre 2,5% e 6,5%. Se a autoridade estivesse mirando o centro da meta, o mercado deveria se preparar para um choque de juros. E não é o caso. TOMBINI sustentou um discurso “dovish”, disparando alertas sobre ajustes de preços relativos frequentes que têm efeitos de segunda ordem que “cabe à política monetária conter”.

     

    Contrariando TOMBINI e Awazu – portanto contrariando o BC -, o mercado agiu por sua conta e risco. Os juros explodiram. Por força de um realinhamento expressivo dos prêmios e forte depreciação do real, na cola de especulações sobre o ritmo de normalização da política monetária americana, gestores de renda fixa detectaram uma disparada de ordens para limitar perdas. O “stop loss” prevaleceu e tirou tudo do lugar – tudo no que se acreditava e tudo em que se duvidava.

     

    Fonte: Valor Econômico

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