Ajuste fiscal ameaçado

    O governo ainda continua longe da meta de alcançar neste ano um superavit primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública) de R$ 66,3 bilhões nas contas púbicas, ou 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Em março, o governo central (Tesouro, Banco CENTRAL e Previdência) fechou com saldo positivo de R$ 1,5 bilhão. Apesar da reversão em relação a fevereiro, quando houve deficit de R$ 7,4 bilhões, há pouco a comemorar, avaliam especialistas. Na comparação com março de 2014, o desempenho caiu 54,3%. E, no acumulado do primeiro trimestre, o resultado fiscal ficou em R$ 4,6 bilhões, o pior para o período desde 1998. 

    Os dados ficaram abaixo das estimativas do mercado, que, no entanto, continua dando um voto de confiança no ministro da Fazenda, Joaquim Levy. “Por enquanto, ele ainda tem crédito. Vamos ver como vai ser daqui para frente”, disse o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal. “Não é o resultado que pretendíamos, mas mostra uma reversão de tendência. É o primeiro passo para o ajuste fiscal”, afirmou o secretário do Tesouro, Marcelo Saintive. 

    Para boa parte dos especialistas, porém, com o país entrando em recessão, o governo dificilmente conseguirá cumprir a meta. O economista Fabio Klein, da consultoria Tendências, calcula que o superavit chegará, no máximo, a 0,8% do PIB, já considerando as medidas provisórias em curso, que ainda não surtiram o efeito desejado. No primeiro trimestre, a arrecadação tributária encolheu 2%.

     

    Resultado 

    Com o recuo previsto para a economia neste ano, a meta fiscal de R$ 66,3 bilhões prevista no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) encaminhado ao Congresso acabará significando 1,13% do PIB. Saintive, porém, assegurou que o governo continuará perseguindo o superavit de 1,2% para o setor público, independentemente do valor em reais. Vale lembrar que, para o governo central, o objetivo é de R$ 55 bilhões – o restante está a cargo de estados e municípios. Em três meses, portanto, a equipe econômica deveria ter obtido um saldo de R$ 13,7 bilhões, mas o resultado de janeiro a março correspondeu a apenas 33,4% dessa meta.

     

    Fonte: Correio Braziliense

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