Aliados ameaçam governo para aumentar capital político às vésperas de convenções

    Sucessão presidencial. Após PTB anunciar desembarque do projeto reeleitoral de Dilma Rousseff, PR exige troca do ministro dos Transportes e presidente chama titular da pasta para conversa; partidos travam “guerra fria” por mais espaço num eventual 2° mandato

     

    Tânia Monteiro Leonencio Nossa / brasília

    Partidos da base da presidente Dilma Rousseff decidiram usar os últimos dias de definição das coligações para ameaçar abandonar o governo. Após a defecção do PTB, que anunciou apoio ao tucano Aécio Neves na semana passada, PR, PP e PSD protagonizam agora uma “guerra fria” para obter melhores condições na aliança da reeleição. As exigências são diversas: recursos financeiros para as campanhas, garantias de ampliação de espaços em um eventual segundo mandato da petista e até a derrubada de um ministro: César Borges, dos Transportes.

    Emborafiliado ao PR, o partido diz que ele não o representa e exige sua saída. A pressão pode surtir efeito. Dilma alterou sua agenda para recebê-lo hoje no Alvorada para tratar do seu futuro político. Tudo para evitar que o aliado deixe a base para apoiar a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG).

    O prazo para uma decisão é curto, já que as convenções, que decidem pelas alianças, têm de ser realizadas até segunda-feira.

    Diante da possibilidade de que esses partidos migrem ou apoiem informalmente Aécio, o comando da campanha petista se reuniu ontem à noite em caráter emergencial no Palácio da Alvorada para traçar um plano de contenção. Dilma e seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, estavam presentes, além dos ministros Gilberto Carvalho (Secreta-ria-Geral da Presidência), Aloizio Mercadante (Casa Civil), o presidente doPT, Rui Falcão, e o marqueteiro João Santana.

    O PR, que tem atualmente o Ministério dos Transportes, foi o mais explícito na ameaça ontem. Líderes do partido exigiram a substituição de Borges.

    Pela manhã, o senador Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP) esteve no Planalto acompanhado de outros líderes do partido para falar de sua insatisfação a Mercadante e ao ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini. Mercadante levou a notícia a Dilma e depois disse que o assunto “está sendo conversado”.

    À tarde, no Planalto, Dilma respondeu com um “não” ao ser questionada por repórteres se atenderia à demanda da sigla.

    O Planalto também está negociando com o PP, que tem hoje o Ministério das Cidades. Os petistas esperam garantir o apoio do partido do ex-prefeito Paulo Maluf ao projeto de reeleição de Dilma hoje, quando a legenda realiza a sua convenção nacional. A aliança nacional tem boas possibilidades de da, mas os palanques de candidatos em Estados estratégicos já estão perdidos. No Rio, em Minas e no Rio Grande do Sul, o PP prefere o nome de Aécio.

    A ala contra Dilma defende pelo menos a “neutralidade” da sigla, ou seja, não se coligar a ninguém. “Eu defendo a candidatura de Aécio. Acho que o caminho mais inteligente para o partido é votar pela neutralidade”, disse a senadora Ana Amélia (PP), que disputa o governo do Rio Grande do Sul com o atual governador, o petista Tarso Genro.

    Diante do impasse, a cúpulado partido aproveita para ganhar tempo e melhorar as condições da aliança. O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), que defende o apoio à reeleição, trabalhava ontem com a ideia de aprovar hoje um documento que remeteria a decisão final da legenda para a Executiva Nacional,em encontro na próxima segunda-feira. Com isso, ganha tempo para conter rebeldes e reivindicar aos petistas mais “estrutura” para os correligionários nos Estados, além de tirar do Planalto a garantia de que o Ministério das Cidades ficará com o partido em caso de reeleição de Dilma.

    O menor risco entre os partidos que tentam se cacifar, na avaliação do Planalto, é com o PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab. A sigla também realiza sua convenção hoje em Brasília, e deverá oficializar apoio à campanha da presidente por “aclamação”. Nos bastidores, o partido quer ampliar a partir de 2015 seu espaço na Esplanada, uma vez que ocupa hoje a pequena Secretaria da Micro e Pequena Empresa, comandada por Afif Domingos.Há,po-rém, quem defenda a aprovação da “neutralidade” na convenção. / COLABORARAM ERICH DECAT e RICARDO DELLA COLETTA

    Dilma prevê “mentiras e boatos” na campanha

    • Em evento ontem no qual recebeu oficialmente o apoio do PROS à sua candidatura à reeleição, a presidente Dilma Rousseff afirmou que esta campanha será marcada por muitas “mentiras e boatos”. “Sabemos que essa campanha terá muitas mentiras e muitos boatos, que haverá tentativa de disseminar um clima de pessimismo. Esse mesmo clima de pessimismo de alguns que diziam que a Copa ia ser uma vergonha. A vergonha é deles, por não reconhecer que o próprio País é capaz de entregar eventos dessa magnitude”, disse no evento em Brasília. Além do PROS, anunciaram apoio oficial a Dilma, entre as grandes siglas, o PMDB e o PDT.

     

    Fonte: O Estado de S.Paulo

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