Análise: Inflação e Selic em queda acenam com ‘choque de juro às avessas’

    Por Angela Bittencourt | De São Paulo

    Inflação em forte queda, combinada à política de flexibilização monetária adotada pelo Banco Central (BC) em outubro do ano passado, levará o Brasil a um choque de Juros às avessas.

    “Choque de Juros” é uma expressão usada para descrever uma arrancada de Juros em determinado período. O choque “às avessas” será o seu equivalente com sinal trocado. Hoje, o juro real – calculado a partir do Swap prefixado de 360 dias e o IPCA projetado 12 meses à frente – está em 3,89%. Em 12 meses encerrados em junho, o juro real estava acumulado em 9,58%. Uma enormidade em qualquer economia, mas desastrosa em um país que precisa sair da lona.

    A estimativa de juro real 12 meses à frente – conceito “ex-ante” -, de 3,89% calculado nesta segunda, é o menor desde os 3,82% observados em outubro de 2013.

    Na contramão do ciclo monetário atual, de queda persistente da taxa Selic, há quase quatro anos o juro real de 3,82% representava um ciclo de aperto monetário. Aliás, expressivo aperto. Um ano mais cedo, em 2012, o juro real esperado para outubro de 2013 era de 1,86%.

    Em tempo: de setembro de 2012 a outubro de 2013, a projeção para o IPCA era ascendente. No cálculo em 12 meses, a inflação esperada passou de cerca de 5,5% para 6,26% no período. Há quase nove meses, a inflação 12 meses à frente, segundo o Focus, caiu abaixo de 5% e, nos últimos 40 dias, recuou de 4,6% a 4,37%.

    Fonte: Valor Econômico

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