Com inflação mais baixa, mercado já vê Selic em 8% até o fim do ano

Autor: Fabrício de Castro/ BRASÍLIA

Em meio às dificuldades do governo para impulsionar a economia e com a inflação sob controle, os economistas do mercado financeiro enxergam espaço para uma taxa de Juros em patamar menor no Brasil. No Relatório de Mercado Focus, divulgado ontem pelo Banco Central, os analistas reduziram de 8,25% para 8% ao ano a projeção para a Selic (os Juros básicos) no fim de 2017. Essa também seria a taxa no fim de 2018. Atualmente, a Selic está em 10,25% ao ano.

A mudança na projeção da taxa ocorre após os dados mais recentes sugerirem fraqueza na retomada da economia. Na última sexta-feira, o BC informou que seu índice de Atividade (IBC-Br), que funciona como uma espécie de indicador de tendência para o Produto Interno Bruto (PIB), cedeu 0,51% em maio ante abril – um claro sinal de que a atividade está longe de trazer pressão para os preços no Brasil.

No Focus de ontem, os economistas mantiveram a estimativa de crescimento do PIB em apenas 0,34% em 2017, abaixo do 0,50% esperado pelo governo e pelo próprio Banco Central. Em 2018, na visão dos analistas, a economia crescerá 2%.

Já a projeção para o IPCA – o índice oficial de inflação – em 2017 passou de 3,38% para 3,29%. No caso de 2018, foi de 4,24% para 4,20%. Nos dois casos, as projeções do Focus indicam que a expectativa é de que a inflação fique abaixo do centro da meta, de 4,5%. A margem de tolerância para 2017 e 2018 é de 1,5 ponto porcentual (inflação entre 3,0% e 6,0%). Portanto, a projeção para 2017 (3,29%) está se aproximando do piso da meta.

“A inflação vem caindo mais rápido e atendência é que continue diminuindo”, avaliou o analista Everton Carneiro, da RC Consultores. Para ele, a queda na expectativa do mercado para a Selic reflete justamente o arrefecimento na taxa de inflação.

Para o grupo de cinco instituições que mais acertam as projeções econômicas reunidas pelo BC – o chamado “Top 5” -, a Selic terminará 2017 em patamar ainda menor, aos 7,75% ao ano. Até a semana passada, eles projetavam uma taxa de 8,00% ao ano.

Se ficar abaixo de 8,50%, a Selic provocará automaticamente uma mudança na remuneração da Caderneta de Poupança. Hoje, a Poupança é atualizada pela taxa referencial (TR) mais 0,5% ao mês. Pelas regras atuais, se a taxa básica for menor que 8,50%, a remuneração da Poupança passa a ser 70% da Selic. / COLABOROU MARIA REGINA SILVA