Analistas pedem menos discurso e mais ação do BC

    Nova alta da taxa básica de juros é vista como necessária para manter a inflação na meta

    Analistas do mercado financeiro defendem menos discurso e mais ação por parte do Banco CENTRAL, incluindo nova alta da Selic este mês. Parte do mercado interpretou o esforço do BC, on­tem, como ação preparatória pa­ra o fim do ciclo de elevação da taxa básica.

    Para Eduardo Velho, economista-chefe INVX Global Partners, a ofensiva do BC é motiva­da pela próxima reunião do Copom, nos dias 27 e 28 de maio. “Acho que eles estão preparando o mercado para a derradeira subi­da, ou mesmo para o fim do ciclo de alta”, acredita.

    A intenção do BC, para o espe­cialista, é defender a eficácia dos 12 meses de ajustes, que eleva­ram a Selic em 3,75 pontos per­centuais, para 11%. “É como se dissessem ao mercado: não fi­que preocupado com a inflação perto do teto porque o efeito da subida ainda está acontecendo”.

    Velho considera a comunica­ção muito importante no regime de metas de inflação por afetar as expectativas do mercado. “É uma componente fundamental nesse modelo. Mas o governo precisa entender que a questão hoje é entregar resultado, e não apenas discursos. A comunicação tem tido efeito menor por­que a credibilidade da equipe econômica foi se esvaindo nos úl­timos anos”.

    “Esse esforço de comunica­ção reforça a chance de manuten­ção da Selic no patamar atual, o que é preocupante, visto que a in­flação de abril veio acima da expectativa do Banco“. Velho vê a imagem atual do BC desgastada, o que pode se agravar caso o Copom não eleve a Selic. “Imagine o que vai acontecer com as expectativas se o ciclo for interrompido no momento em que a infla­ção romper o teto da meta”.

    A possibilidade de a excursão de executivos ser parte do proces­so sucessório do BC não anima Ve­lho. “O mercado quer medidas concretas. Trocar pessoas por outras que já fazem parte da equipe, que não tem acertado nem previ­são, não muda as expectativas”.

    Alheia ao esforço do BC, a Bovespa caiu 1,17%, a 53.422 pon­tos. O giro financeiro do pregão foi de R$ 6,6 bilhões. O desempe­nho negativo interrompeu uma série de quatro valorizações, com investidores embolsando lucros de ações que guiaram o mercado para cima nos últimos dias. Ape­sar disso, o movimento não tira da bolsa a tendência recente de al­ta, afirmaram analistas.

     

    Fonte: Brasil Econômico

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