Apesar de suspeita da PF, ministério mantém o número 2 da pasta no cargo

    FERNANDA ODILLA
    NATUZA NERY
    DE BRASÍLIA

     

    O Ministério do Trabalho decidiu manter no cargo o número 2 da pasta, Paulo Pinto, investigado pela Polícia Federal por suspeita de participação num esquema de desvio de recursos públicos.

    Em nota divulgada no início desta segunda-feira (9), o ministério não só reiterou que o secretário-executivo “prestou depoimento e retornou às suas atividades” como anunciou a exoneração de dois funcionários também investigados pela PF dos cargos de confiança que ocupavam na pasta.

    A PF deflagrou nesta segunda a operação Esopo para apurar esquema de fraude em licitação, superfaturamento de contratos e desvios de recursos públicos que pode ter movimentado cerca de R$ 400 milhões nos últimos cinco anos, segundo os investigadores.

    O secretário-executivo do Ministério do Trabalho é um dos alvos da operação. Na manhã desta segunda, o secretário-executivo foi prestar depoimento na Superintendência da PF em Brasília dirigindo o próprio carro. Em seguida, foi trabalhar normalmente na sede do ministério.

    O Palácio do Planalto havia decidido pelo afastamento temporário de Paulo Pinto até o fim das investigações. No entanto, no início da noite desta segunda, a suspensão do número 2 do ministério foi revertida.

    A Folha apurou que houve pressão de setores do PDT pela permanência de Paulo Pinto.

    Ele reassumiu o cargo de número 2 do ministério em abril deste ano. Paulo Pinto entrou no ministério em 2007 como assessor especial do então ministro Carlos Lupi, de quem é braço direito. Em junho de 2010, foi nomeado secretário-executivo, cargo que ocupou até maio do ano passado, quando o grupo de Lupi, que perdeu o cargo por suspeitas de irregularidades, deixou o comando da pasta.

    Segundo a assessoria do ministério, o funcionário Anderson Brito, lotado no gabinete do ministro, foi demitido e o servidor de carreira Geraldo Reisenbeck perdeu o cargo de diretor de contratos e convênios. Segundo a polícia, Brito está foragido e Reisenbeck, preso.

    Nesta segunda, o Ministério do Trabalho também informou que pediu informações sobre a investigação da PF e que vai suspender convênios

    VEJA A ÍNTEGRA DA NOTA

    NOTA OPERACAO ESOPO

    Considerando as informações relacionadas à “Operação Esopo”, da Policia Federal, o Ministério do Trabalho e Emprego esclarece que:

    1- Tendo em vista que o processo tramita em caráter sigiloso, foi encaminhado ao diretor geral da Policia Federal ofício solicitando informações a cerca das investigações referentes à operação, objetivando a instrução da competente apuração disciplinar. Foi enviado Aviso ao Advogado Geral da União, solicitando o acompanhamento pelos respectivos órgãos de representação judicial nos estados;

    2- Em relação aos funcionários envolvidos na operação, foram exonerados dos cargos comissionados que ocupavam e será determinada a abertura de Processos Administrativos Disciplinares para apurar os fatos no âmbito do MTE;

    3- Quanto ao secretário-executivo, o mesmo prestou depoimento e retornou às suas atividades no Ministério;

    4- Não há convênio vigente celebrado diretamente entre o MTE e a entidade investigada. Quantos aos demais convênios citados na investigação, celebrados com municípios e estados, serão suspensos.

    101 MANDATOS

    Dos 25 mandados de prisão temporária, 22 foram cumpridos na manhã desta segunda-feira. Das 12 “conduções coercitivas” para depoimento, 11 foram efetivadas, incluindo a de Paulo Pinto. A Justiça expediu 44 mandados de busca e apreensão e 20 de sequestro de valores e bens. Ao todo foram 101 mandados.

    A Justiça autorizou ações no Ministério do Trabalho em Brasília, na sede do governo estadual em Belo Horizonte e em várias prefeituras no interior de Minas Gerais.

    Uma empresa de Simone Vasconcelos –ex-braço direito de Marcos Valério– é suspeita de fornecer notas fiscais frias para o esquema: o IMDC (Instituto Mundial do Desenvolvimento e da Cidadania) é uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip). Foram apreendidos na casa do presidente da instituição, Deivson Vidal, carros, dinheiro, joias e até um helicóptero.

    FÁBULAS

    Esopo foi um escritor da Grécia antiga a quem é atribuída a autoria de inúmeras fábulas famosas. Entre as histórias estão “A Cigarra e a Formiga” e “A lebre e a tartaruga”.

     

    Fonte: Folha de S.Paulo

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