Bancários fazem greve a cinco dias da eleição

    Categoria aprova paralisação em 18 Estados e DF para pedir aumento real

    Proposta dos bancos, de reajuste de 7%, foi recusada; profissionais querem 12,5% e melhor condição de trabalho

    Em campanha salarial, os bancários iniciam uma greve nacional a partir da próxima terça-feira (30), cinco dias antes da eleição presidencial.

    A categoria pede reajuste de 12,5%, o que inclui 5,8% acima da inflação medida pelo INPC, e melhores condições de trabalho, entre outras reivindicações.

    A paralisação foi aprovada em assembleias na noite de quinta em 18 Estados, além do Distrito Federal.

    Funcionários de oito capitais decidiram cruzar os braços: São Paulo, Rio, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis e Campo Grande (MS).

    Também votaram pela greve os bancários dos Estados de Alagoas, Mato Grosso, Piauí, Paraíba, Ceará, Pará, Roraima, Acre, Sergipe, Espírito Santo e Rio Grande do Norte, além dos das regiões metropolitanas do país.

    Após sete rodadas de negociação, os bancos tinham oferecido reajuste de 7%, ou 0,61% acima da inflação de 6,35% medida pelo INPC no período acumulado de 12 meses. Para o piso da categoria, atualmente de R$ 1.649 (salário do caixa), a proposta dos bancos é de aumento de 7,5% –1,08% acima da inflação.

    No ano passado, após 23 dias de paralisação, os bancários conseguiram reajuste de 8% –com 1,82% de ganho real. Foi a maior greve da categoria desde 2004, quando os funcionários dos bancos pararam por 30 dias.

    Além do reajuste, a pauta de reivindicação da categoria inclui 14º salário, piso de R$ 2.979,25 (salário mínimo do Dieese), PLR (participação nos lucros) no valor de três salários-base mais parcela adicional fixa de R$ 6.247.

    Os bancários também pedem vales alimentação e refeição, auxílio-creche no valor de R$ 724, o salário mínimo nacional em 2014.

     

    CONVENÇÃO COLETIVA

    A categoria é uma das poucas que têm convenção coletiva de validade nacional. A negociação dos bancários serve como parâmetro para os reajustes salariais de categorias profissionais do setor de serviços.

    A Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) representa 134 sindicatos no país. No Brasil, há cerca de 500 mil bancários. Apenas em São Paulo, Osasco e região são 142 mil funcionários.

    Segundo os bancários de São Paulo, a categoria conseguiu aumento real de 18,3%, no acumulado de 2004 a 2013, –sendo 3,08% em 2010; 1,5% em 2011; 2% em 2012; e 1,82% acima da inflação em 2013.

    A média dos ganhos reais das categorias que negociaram no primeiro semestre foi de 1,54%. Os bancos têm rentabilidade bem mais alta e condições de aceitar as reivindicações dos trabalhadores , disse Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

    Os bancos que atuam no Brasil continuam tendo a mais alta rentabilidade de todo o sistema financeiro internacional. Somente os seis maiores tiveram lucro líquido de R$ 56,7 bilhões em 2013 e mais R$ 28,5 bilhões no primeiro semestre, graças em grande parte ao empenho e à produtividade dos bancários , afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do comando nacional de negociação dos bancários.

    Na segunda (29), os bancários fazem nova rodada de assembleias pelo país para organizar a paralisação.

    Procurada, a Fenaban (Federação dos Bancos) não quis comentar a decisão dos bancários pela greve.

    GREVE DOS BANCÁRIOS/2014

    DATA-BASE 1º de setembro

    INFLAÇÃO NO PERÍODO 6,35% (INPC, em 12 meses)

    QUANTO GANHAM Piso de R$ 1.648 (salário do caixa)

    O QUE QUEREM 12,5% (5,8% acima da inflação)

    CONTRAPROPOSTA 7% (0,61% real)

     

    Fonte: Folha de S.Paulo

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