Bancos centrais concentram atenções na semana

    A semana trará eventos importantes em termos de política monetária global. A ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, BancoCENTRAL americano), a ser divulgada na quarta-feira, tem especial relevância diante da surpresa que foi a estreia de Janet Yellen como presidente da instituição na coletiva de imprensa.

    A sinalização de um prazo em torno de seis meses após o fim do programa de compra de ativos para que os juros comecem a ser normalizados era completamente inesperado. E, embora o tom de Yellen tenha sido muito mais suave num discurso posterior em Chicago, há bastante expectativa em torno da discussão do Fomc (comitê de política monetária do Fed).

    Outro ponto relevante é o conhecimento dos debates sobre a mudança do guidance do Fed, de parâmetro quantitativo (6,5% de taxa de desemprego, com inflação de até 2,5%) para outro qualitativo (uma gama de indicadores que serão acompanhados). A afirmação do Fed de que a alteração no guidance não representa qualquer mudança nas intenções do comitê – ou seja, a política monetária deverá permanecer altamente acomodatícia por um período prolongado de tempo – poderá ser melhor explicada, face o imbróglio que a fala de Yellen causou no mercado.

    O Fed continua comprando um volume considerável de ativos (US$ 55 bilhões ao mês). Uma questão particularmente interessante a ser observada na ata é a revisão das expectativas dos membros do Fomc sobre o nível da taxa de juros, que apontava maior união em torno de alta em 2015.

    O último relatório de emprego mostrou um cenário de recuperação, com criação relevante de vagas e crescimento da força de trabalho. A folga na economia, muito citada pela presidente do Fed em sua última aparição, deve também ser destaque na ata.

    No Japão, poucos dias após o aumento da alíquota do IVA de 5% para 8%, o Banco CENTRAL se reúne, mas as expectativas em torno de um novo pacote de estímulos estão focadas não nesta, mas na próxima reunião. De todo modo, a entrevista com o presidente do BC, Haruhiko Kuroda, será acompanhada com atenção.

    No fim de abril, o BC japonês publicará a revisão de suas projeções para crescimento e inflação. Na opinião do Nomura, a atividade está tendendo para um nível abaixo do projetado pela autoridade monetária, mas a inflação está subindo de forma consistente. O ritmo de consumo após a alta do imposto deverá ditar a necessidade de mais apoio à economia, na opinião de analistas.

    Na China, dados pouco animadores vêm amplificando as apostas em mais medidas pelo governo – nos próximos dias sairão números de financiamento social, inflação e empréstimos.

    Na opinião do BNP Paribas, as autoridades estão começando a reagir à forte deterioração das perspectivas de crescimento . A economia provavelmente cresceu cerca de 5% no primeiro trimestre, na projeção da instituição, que alerta: Uma repetição de tal desempenho no segundo trimestre poderia deixar a meta de crescimento de 2014 de cerca de 7% fora de alcance .

    Para os analistas do Banco, os acontecimentos recentes ilustram os objetivos conflitantes das autoridades: por um lado, controlando o crescimento do crédito, implementando reformas financeiras e reequilibrando a economia; por outro lado, recusando-se a aceitar um crescimento mais fraco .

    Por isso, as medidas podem vir em conta-gotas , dependendo da evolução econômica do país.

    Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) também se reúne nesta semana e não há expectativa de novidades. Recentemente o guidance da instituição também tornou-se qualitativo, como fez o Fed. O BC deve manter inalterado o estoque de 375 bilhões de libras em ativos comprados do programa de estímulo. O mercado segue apostando que a primeira alta de juros no Reino Unido acontecerá no segundo trimestre de 2015.

     

    Fonte: Valor Econômico

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