Bancos tentam dar fim a greve que afeta comércio e habitação

    VAREJO, IMOBILIÁRIAS E GOVERNO PRESSIONAM POR ENTENDIMENTO, ALEGANDO PREJUÍZOS E ATRASOS NOS NEGÓCIOS

    Trabalhadores visam reajuste de ao menos 1,5% acima da inflação; bancos ofereceram 0,93%

    TONI SCIARRETTA CLAUDIA ROLLI DANIEL VASQUES

    DE SÃO PAULO

     

    Banqueiros e bancários se reúnem hoje a partir das 10h para tentar um acordo que encerre a greve que já dura 22 dias e prejudica o comércio e o setor imobiliário. É a maior paralisação desde 2004, quando durou 30 dias.

    A categoria, que baliza as negociações salariais de todo o setor de serviços, já tem em mãos um aumento de 0,93% acima da inflação, mas tenta barganhar algo próximo aos 2% de ganho real de 2012.

    Neste ano, os metalúrgicos e os funcionários dos Correios tiveram, respectivamente, aumento de 1,82% e 1,53% acima da inflação.

    Ontem, os sindicalistas e os representantes dos bancos passaram o dia em reuniões para definir o percentual aceitável para cada lado.

    Além de prejudicar os clientes, a greve trouxe perdas ao comércio (varejistas falam em prejuízos nas vendas), construtoras e imobiliárias (que reclamam de atraso na liberação de documentos e de crédito). Até o governo pressiona pelo entendimento, argumentando que o movimento emperra os negócios.

    A última proposta dos bancos foi de aumento de 7,1% (0,93% acima da inflação) e reajuste de 7,5% no piso.

    A Folha apurou que o mínimo esperado pelos bancários seria próximo a 1,5% acima da inflação –ou reajuste total de 7,6%. Inicialmente a categoria pediu 11,93%, o que inclui 5% de aumento real, além de PLR (participação nos lucros) maior.

    A tendência a dar reajuste maior nos benefícios, e não no salário, constatada em outras negociações neste ano, pode se repetir com os bancários.

    Ontem, cerca de 24 mil funcionários de 762 unidades ficaram parados em São Paulo, segundo os bancários. A categoria tem 142 mil funcionários. Os bancos não comentam as estimativas.

    O financiamento imobiliário para pessoas físicas está sendo afetado, segundo José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP (conselho dos corretores de imóveis).

    Em alguns casos, o financiamento é coordenado por um corresponde bancário, mas nem sempre a operação é concluída, porque o profissional costuma estar ligado a uma agência em greve.

    “Há casos de transações concluídas com contrato registrado em cartório e o banco não libera o dinheiro.”

    Líder no segmento, a Caixa não quis se manifestar.

     

    Fonte: Folha de S. Paulo

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