A transferência do Coaf, órgão de inteligência financeira do governo, para o Banco Central enfrenta resistência dos funcionários da instituição.
“Temos que preservar o BC. Ele está assumindo uma instituição que não tem a mesma estrutura sólida e que estará sujeita a interferências políticas. É um enorme risco”, diz Paulo Lino Gonçalves, presidente do sindicato dos funcionários da instituição.
O Coaf mudou de nome, para UIF (Unidade de Inteligência Financeira). Antes, só funcionários de carreira poderiam fazer parte do órgão. O presidente Jair Bolsonaro derrubou a regra.
“O nome do BC estará envolvido, mas o trabalho da UIF será feito por pessoas de fora. O banco estará na berlinda, pode sofrer críticas por ter que se meter em assunto que não é exatamente dele”, segue Gonçalves.
A UIF, diz, “é como um primo esquisito que chega na sua casa. Não dá para se responsabilizar pelo o que ele faz”.
A Receita Federal também resiste. “A troca de informação entre os órgãos federais de controle acabou com a ida do Coaf para as mãos de gente do mercado. A Receita não vai mandar mais nada para lá.” E o que vier dele será recebido com desconfiança, diz Kleber Cabral, presidente do Sindifisco, que representa os auditores fiscais.
Fonte: Folha de São Paulo