BC prevê manter os juros altos por tempo ‘adequado’ (Valor)

    Alex Ribeiro De Brasília

     

    O diretor de Assuntos Internacionais do Banco CENTRAL, Luiz Awazu, disse que os juros subiram acima “de qualquer medida razoável de neutralidade” e permanecerão nesse patamar pelo tempo “adequado”, no primeiro pronunciamento do BC em defesa de sua estratégia de combate à inflação desde que ela foi questionada pelo mercado financeiro pela adoção de um conjunto de medidas de estímulo ao crédito.

     

    O alívio nas exigências de compulsórios e nos requerimentos de capital dos bancos feito pelo Banco CENTRAL pretende suavizar os danos que o excesso de pessimismo está causando sobre a oferta de crédito para investimentos e para alguns segmentos do mercado, como as pequenas e médias empresas.

     

    “A política monetária age como um antibiótico sobre o conjunto da economia, de forma gradual e cumulativa, entrando por todos os canais e frestas”, comparou Awazu, em entrevista ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. “Você não interrompe um tratamento repentinamente”.

     

    Desde que adotou as medidas, há dez dias, o Banco CENTRAL vem sendo acusado de, ao mesmo tempo, colocar um pé no acelerador, com esses estímulos, e outro no freio. Para Awazu, as críticas refletem uma falta de compreensão sobre a natureza desses instrumentos –taxa de juros e medidas macroprudenciais -, que são complementares, não substitutos, e se prestam a objetivos diferentes.

     

    Quando os BCs promovem apertos monetários, é preciso “monitorar a evolução da oferta do crédito e, se necessário, moderar o excesso de contração e pessimismo”, especialmente se ele afeta investimentos e setores com menos acesso a financiamentos, como as empresas de menor porte.

     

    Awazu revelou que não está nos planos adiar o cronograma de implantação das exigências de capital de bancos de Basileia 3. “Continuamos com a agenda”.

     

    Segundo ele, as medidas recentes põem um “ponto final” no processo de normalização das macroprudenciais de 2010 e 2011, depois que os riscos que as originaram foram superados. Página C1

     

    Fonte: Valor

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