da redação
Tudo indica que o Banco Central deve subir os juros hoje pela sexta vez seguida. Os economistas acreditam que haverá novo aumento de meio ponto, que colocaria a Selic em 10%, de volta à casa dos dois dígitos. A inflação nos últimos meses tem surpreendido para baixo, mas a taxa em 12 meses até outubro foi de 5,84%, a mesma de dezembro. O problema é a discrepância entre preços livres e administrados, que está pior.
Os juros sobem porque a inflação está alta, acima do centro da meta, e disseminada. O índice de difusão voltou a 70% e isso quer dizer que sete em cada 10 produtos pesquisados pelo IBGE aumentaram de preço no IPCA-15 de novembro, o último dado disponibilizado pelo instituto. As expectativas também estão elevadas e teimam em não cair, mesmo depois de cinco altas da Selic. Para os próximos 12 meses, a previsão é 6,14%, segundo o Boletim Focus.
A inflação só não está maior porque os preços administrados estão reprimidos, com alta de 1,01% em 12 meses até outubro, enquanto os preços negociados em mercado subiram 7,3%. Em dezembro do ano passado, a composição das duas estava mais equilibrada, 3,67% contra 6,54%. Pelas contas do economista Luis Otávio Leal, do banco ABC Brasil, se os preços administrados estivessem no mesmo patamar de dezembro, mais próximo da média histórica, o IPCA estaria acima do teto da meta, em 6,54%.
Os preços da energia e dos combustíveis estão em queda de 9% em 12 meses até outubro. Os subsídios têm sido mantidos com aportes do Tesouro na Conta de Desenvolvimento Energético, para impedir o repasse das termelétricas. O pior é que isso tem sido feito via endividamento. Somente em outubro, foram emitidos R$ 2,35 bilhões em títulos para injetar recursos na CDE. O caixa da Petrobras subsidia o diesel e a gasolina.
Aumento de juros não é a única forma de combater a inflação. A outra é cortar gasto público. Mas os maus resultados do superávit primário deixam o BC praticamente sozinho na luta contra o aumento dos preços.
Fonte: O Globo