Por Edna Simão | De Brasília
O corte no orçamento do Ministério do Planejamento no próximo ano vai comprometer a realização de pelo menos duas pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foram adiadas para 2016 não só a contagem da população, como havia dito a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, durante a apresentação da proposta de orçamento para 2015, como também o Censo Agropecuário. A informação foi confirmada pelo Ministério do Planejamento.
Segundo fonte próxima ao assunto, a reformulação das pesquisas agropecuárias também ficou comprometida, pois depende do cadastro do Censo Agropecuário.
Encaminhada ao Congresso Nacional na última quinta-feira, a proposta de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2015 reduziu a previsão de orçamento para o Ministério de Planejamento em cerca de R$ 245 milhões em relação à proposta de 2014. Na proposta de orçamento de 2014, a destinação de recursos para o ministério era de R$ 1,240 bilhão. Agora na proposta de orçamento de 2015 esse número caiu para R$ 995,4 milhões.
Neste ano, o calendário de divulgação de pesquisas do IBGE já foi comprometido por uma greve que durou 79 dias dos trabalhadores que reivindicavam aumento salarial. Na ocasião, foram prejudicadas a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e também a Pesquisa por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Com o movimento, as informações de algumas cidades deixaram de ser coletadas.
Outro ministério prejudicado pela redução do orçamento foi o da Integração Nacional. Na comparação entre a PLOA de 2014 e a de 2015, os recursos destinados tiveram um recuo de R$ 2,495 bilhões passando de R$ 7,235 bilhões para R$ 4,739 bilhões. Outros ministérios, vinculados a realização da Copa do Mundo, também tiveram um corte no orçamento de 2015. “O que aparenta ser uma redução [de orçamento em alguns ministérios em 2015] é uma adequação do ritmo de obras”, frisou Miriam Belchior.
Na quinta-feira, o governo apresentou uma PLOA de 2015 com um orçamento total de R$ 2,86 trilhões. A ministra Miriam Belchior ressaltou que os investimentos e as políticas sociais continuam sendo as prioridades do governo. Apesar da declaração, não houve crescimento real na destinação de recursos para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa, Minha Vida, que será de R$ 65 bilhões no próximo ano.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a redução das despesas está contemplada no cenário para 2015 para cumprimento da meta de superávit primário. A economia que será perseguida no próximo ano será correspondente a 2% do PIB, podendo chegar a 2,5%, se as condições econômicas permitirem, segundo ele.
Fonte: Valor Econômico