INVESTIMENTOS COMO FUNDOS MULTIMERCADOS E DEBÊNTURES PODEM SER ALTERNATIVAS, MAS TESTAM A PACIÊNCIA DO INVESTIDOR
Autor: Jéssica Alves
A queda da Taxa Básica de Juros, a Selic, fez com que muitas aplicações em renda fixa deixassem de oferecer o mágico retorno de 1% ao mês, antes visto quando essa taxa estava em dois dígitos. Mas a previsão de que os Juros atinjam um patamar ainda menor no fim deste ano – os economistas falam em Selic na casa dos 7% diante da inflação baixa – faz com que o investidor tenha de se mexer um pouco mais, caso queira bons retornos em aplicações conservadoras.
A boa notícia é que, segundo os especialistas, dá para colocar um pé no risco sem sair da renda fixa. Aplicações como fundos multimercado e debêntures podem ser alternativas interessantes mas, em troca de um retorno maior, podem ter riscos e custos um pouco maiores. Além disso, não oferecem a segurança do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que compensa perdas em títulos como CDB, RDB, LC, LCI e LCA em até R$ 250 mil por CPF em caso de falência da instituição que emitiu esses títulos.
A renda fixa é como um empréstimo do investidor para um banco ou empresa. Assim, o perigo é de a instituição não entregar a rentabilidade prometida. Outro risco é a liquidez,
pois o prazo de vencimento geralmente é mais longo em aplicações mais sofisticadas. Dessa forma, o investidor pode não conseguir resgatar os recursos a qualquer momento antes do vencimento sem perder dinheiro.
Por isso, a recomendação é manter sempre o sangue frio. “O investidor sabe do prazo, mas se ele precisa do dinheiro antes, entra em pânico”, alerta Felipe Sotto-Maior, sócio fundador da Vérios.
Professor de Finanças da FGV, William Eid diz que abrir mão do resgate em um prazo menor pode trazer retornos melhores, mas diz que é preciso sair da zona de conforto. “Não dá pra chegar para o banco e perguntar ‘no que é bom investir’, pois ele não te conhece. Tire 30 minutos por semana da novela e dedique ao seu dinheiro”, recomenda.
Eduardo Levy, economista da Rio Bravo, diz que vale a pena o auxílio de um gestor profissional em aportes acima de R$ 300 mil. “A dificuldade está em dar o primeiro passo”, diz.
ALTERNATIVAS
Tesouro Direto
Tesouro Selic (antiga LFT) é um investimento com Juros pós-fixados que segue o juro básico da economia. É considerado um dos mais seguros, porque tem menor risco de crédito. Ele costuma ser indicado para a construção de uma reserva de emergência, já que pode ser resgatado a qualquer momento, sem risco de liquidez. Na carteira do investidor, ele fica responsável por representar o “porto seguro”.
CDB, RDB e LC
Os certificados de Depósito Bancário são títulos de dívida de uma instituição. Ou seja, você empresta dinheiro ao banco e ele te remunera com Juros. O maior risco é o de crédito, o risco de o banco quebrar. Por isso, instituições menores dão rentabilidades melhores. Para oferecer um retorno mais atrativo, os grandes bancos oferecem prazos mais longos, por isso é importante saber quando você vai precisar do dinheiro.
LCI e LCA
Nas Letras de Crédito Imobiliário e de Crédito do Agronegócio, o banco capta recursos para oferecer como empréstimos para o setor imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), paga geralmente uma porcentagem do CDI. Em caso de quebra do emissor do título, o investidor é ressarcido pelo FGC. Esses títulos são isentos de Imposto de Renda. Mas com a crise, os bancos têm pouco lastro para oferecer produtos.
Letra Financeira
A LF é empregada para a captação de recursos por meio de instituições financeiras. Em troca, os bancos remuneram o investidor com os Juros. O objetivo desse modelo de aplicação financeira é o de captar recursos de longo prazo, já que o prazo mínimo de uma LF é de 2 anos. Ao longo desse tempo, o produto não oferece nenhuma condição de liquidez para o aplicador. O valor mínimo de uma LF é de R$ 150 mil.
Fundos
Os fundos de investimento são populares entre pessoas que querem investir, mas não sabem como fazer. Eles reúnem um conjunto de cotistas, com o objetivo de obter lucro com a compra e venda de ativos. Os fundos possuem diferentes estratégias e podem aplicar recursos em títulos de renda fixa, renda variável (ações) ou mesclar as alternativas (multimercado).
Fonte: O Estado de S.Paulo