VICENTE NUNES
A presidente Dilma Rousseff não esconde seu desconforto com a movimentação de Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, entre empresários e investidores. A pedido do ex-presidente Lula, ele anda se encontrando com os donos do dinheiro para medir até onde vai o desconforto deles com a atual chefe do Executivo.
O que mais tem incomodado o Palácio do Planalto é o fato de Palocci admitir, com o aval de Lula, que a política econômica do governo é ruim e que há razões de sobra para a presidente substituir sua equipe, em especial o
ministro da Fazenda, Guido Mantega. Quem esteve com Palocci e Lula, juntos ou separados, ouviu que o ministro só está no cargo por falta de opção de Dilma. Ela sabe que, diante de seus arroubos, quase ninguém se arriscaria a ir para o lugar de Mantega e se tornar apenas um garoto de recados da presidente.
Substituição
Para Lula e Palocci, da atual equipe econômica, apenas o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, deveria permanecer no posto. Mesmo assim, com uma distância regulamentar do Palácio do Planalto, a fim de reconstruir a credibilidade da autoridade monetária, destruída, sem dó nem piedade, nos últimos dois anos.
O descontentamento é geral com o governo. E há um temor de que, com o estrago na economia, a partir de 2015 o país fique ingovernável. Não à toa, investidores e empresários traçam um quadro desanimador para o ano que vem. Além de baixo crescimento, o Brasil terá de conviver com juros acima de 11% e com a inflação rodando os 6%, taxa altíssima para um período eleitoral e, sobretudo, para os padrões mundiais.
Investidores e empresários reconhecem as evidentes chances de Dilma ser reeleita no ano que vem. Mas vão trabalhar no que for necessário para mostrar os riscos que o país está correndo se ela insistir na atual política econômica.
Fonte: Correio Braziliense