Feriados adicionais por conta dos jogos do Mundial vão esfriar a produção da indústria. Nos serviços, setor…
Ao contrário do que espera o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a Copa do Mundo vai marcar um gol contra a economia. Depois do fraco desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, especialistas começam a revisar as estimativas do ano para baixo. As apostas de queda do PIB entre abril e junho aumentaram porque a atividade da indústria continua fraca e permanecerá assim neste mês, em que haverá menos dias úteis por causa dos jogos. Os mais pessimistas preveem alta de apenas 1% em 2014, como os analistas do Itaú e da Nomura Securities.
“A Copa vai ajudar a derrubar ainda mais o PIB. Só o da cerveja é que não cai porque o governo voltou atrás e adiou o aumento do imposto”, destacou o economista Paulo Rabelo de Castro, coordenador do Movimento Brasil Eficiente. Mesmo sem levar em conta os jogos, a produção já sofreria, neste ano, com a diminuição de dias úteis. Um estudo feito pela Federação das Indústria do Rio de Janeiro (Firjan) estima que os mais de 40 feriados estaduais e 12 nacionais resultarão em perda de 3,6% do PIB, mais que os 3,5% de 2013. Ou seja, o país já deixaria de produzir R$ 45 bilhões, volume que equivalente a 3,4 vezes a receita líquida de 2013 da Embraer, uma das empresas com maior exposição no exterior.
“Teoricamente, o mundial traria benefícios, mas eles serão mitigados pelos feriados adicionais. O custo de uma indústria siderúrgica, que deverá parar durante três dias de folga no Rio, não será compensado pela venda de cerveja ou pela hotelaria”, explicou o economista Guilherme Mercês, gerente de Economia e Estatística da Firjan. “Há uma expectativa de frustração de vários segmentos, como o hoteleiro, por causa dos turistas estrangeiros que podem deixar de vir ao país diante das manifestações nas grandes capitais e do aumento da violência”, afirmou. O setor ainda tem quartos vagos porque a Fifa desbloqueou parte das reservas que havia feito.
“Muitas redes estão fazendo promoções para não ficarem no prejuízo”, disse o economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Mesmo assim, ele estima que o setor de serviços vai ser o grande beneficiado com a Copa e absorver a maior parte dos 48 mil trabalhadores temporários previstos durante o Mundial. “O evento vai gerar um adicional de R$ 830 milhões nesse segmento.”
Fonte: Correio Braziliense