Crise política adia sabatina de diretores do BC

    Vandson Lima e Eduardo Campos De Brasília

    A crise política conflagrada entre o Congresso Nacional e a Presidência da República colocou em modo de espera a indicação de dois novos diretores do Banco CENTRAL (BC). 

    Em estratégia acertada pelo Palácio do Planalto com o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e o presidente do BC, ALEXANDRE TOMBINI, serão postergadas pelo menos até abril as sabatinas de Tony Volpon e Otávio Ribeiro Damaso, nomes sugeridos por TOMBINI à presidente Dilma Rousseff para ocuparem, respectivamente, os cargos de diretor de assuntos internacionais e diretor de regulação. 

    Os nomes foram encaminhados a Dilma no início de fevereiro.

    Para dar seguimento às recomendações, o Planalto deveria ter encaminhado mensagem presidencial à CAE, presidida pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS), para que então a comissão marcasse a data para que os indicados fossem sabatinados pelo Senado – o que não ocorreu e não vai ocorrer tão cedo.

    Segundo fonte ligada à negociação, é consenso entre os envolvidos que, dado o cenário político conturbado, levar os nomes à apreciação do parlamento neste momento seria extremamente arriscado. Independentemente do preparo de Volpon e Damaso para os cargos, uma articulação entre senadores que integram a CAE, movidos por insatisfações diversas, poderia barrar as indicações e proporcionar mais um problema para o governo.

    Por isso, não haverá pressa do Planalto em mandar os nomes à CAE e, mesmo que estes sejam enviados, a ordem é só agendar as sabatinas quando o panorama político estiver menos turbulento. 

    Segundo a fonte, é algo para se avaliar a partir de abril.

    TOMBINI está ciente da situação e, segundo interlocutores, entende que o momento não é adequado para colocar seus indicados à prova no Senado. Dos 27 integrantes titulares da CAE, são 20 os que pertencem a partidos da base aliada ao governo e sete os senadores que militam na oposição. A grande insatisfação dentro da coalizão governista, no entanto, poderia desarranjar essa conta. O PMDB, um dos partidos da base mais insatisfeitos, conta com seis integrantes na comissão. 

    O economista Tony Volpon era diretor executivo e chefe de Pesquisas para Mercados Emergentes das Américas da Nomura Securities International. Otávio Ribeiro Damaso ocupa a chefia de gabinete e coordena a assessoria econômica de TOMBINI

    Enquanto os novos indicados à diretoria do BC não assumem, o Comitê de política monetária (Copom), que define a taxa básica de juros Selic, segue operando com seis membros votantes, mais TOMBINI. Assim que Volpon e Damaso assumirem, caso sejam aprovados pelo Senado, o número de votantes sobe a nove. O próximo encontro do colegiado está agendado para 28 e 29 de abril.

    Um outro processo de indicação e sabatina pode ocorrer ainda neste ano. Conforme já anunciado, o diretor Luiz Awazu Pereira da Silva deixará a diretoria de Política Econômica para assumir, em outubro, o cargo de vice-presidente do Banco de Compensações Internacionais (BIS). 

    O presidente do Banco CENTRAL estará hoje na CAE, onde participará de audiência pública para discutir as diretrizes, implementação e perspectivas da política monetária.

     

    Fonte: Valor Econômico

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